Agência France-Presse
postado em 22/08/2016 19:18
Benghazi, Líbia - O Parlamento líbio se recusou, nesta segunda-feira (22/8), a dar seu voto de confiança ao Governo de União Nacional (GNA), oferecendo ao primeiro-ministro Fayez al-Sarraj uma "última chance" para que ele proponha um novo gabinete.[SAIBAMAIS]Esse é um duro golpe para o GNA, que há meses busca legitimidade para consolidar sua autoridade no país e tentar tirar a Líbia do caos em que se encontra desde a queda do coronel Muammar Kadhafi, em 2011.
"A maioria dos deputados presentes na sessão do Parlamento hoje se recusou a conceder sua confiança ao governo", declarou à AFP o porta-voz do Parlamento, Adam Boussakhra.
Dos 101 membros do Parlamento presentes (de um total de 198), 61 deputados e o presidente da Casa, Aguila Saleh, votaram contra a moção de confiança, com apenas um voto a favor e 39 abstenções, de acordo com o comunicado divulgado na página institucional on-line.
Segundo o Libya Channel, um canal de televisão privado, os deputados ligados ao GNA não estavam presentes na votação.
O Parlamento teve de ser transferido para Tobrouk (leste), depois da tomada de Trípoli por uma coalizão de milícias há dois anos. É reconhecido pela comunidade internacional, mas apoia um Executivo rival ao GNA, baseado em Baida, na mesma região.
Fruto de um acordo interlíbio patrocinado pela ONU e firmado em dezembro de 2015 no Marrocos, o GNA administra os assuntos correntes, mas não consegue fazer sua autoridade valer em todo o país.
Segundo o acordo de dezembro, o GNA deveria obter, para poder funcionar, um voto de confiança por parte do Parlamento. Esse último já havia rejeitado, em 25 de janeiro passado, uma primeira versão do governo de união.
Depois de negar a moção de confiança, o Parlamento reivindicou do Conselho Presidencial a formação de um "governo limitado", dando-lhe "um prazo de dez dias" para apresentar novos candidatos, relatou o porta-voz do Parlamento.
Aprovada pelos deputados presentes, a declaração diz que "é a última chance" para o Conselho Presidencial formar um governo que possa obter o aval do Parlamento.