A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) tornou públicos na quarta-feira (24/8) um conjunto valioso de briefings diários secretos entregues aos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, oferecendo novos entendimentos sobre momentos cruciais da história da Guerra Fria.
Os 2.500 informes de inteligência diários confidenciais contém detalhes sobre a catástrofe que foi se desenrolando aos poucos no Vietnã, várias crises internacionais e tentativas de entender as maquinações de líderes soviéticos e chineses.
As 28.000 páginas oferecem novas perspectivas no contexto das visitas históricas de Nixon à China e à União Soviética - que foram as primeiras de um presidente americano em exercício -, do escândalo Watergate e da sua renúncia.
Os briefings durante a administração Ford detalham a queda de Saigon, a evacuação do Líbano e a morte do presidente chinês Mao Tsé-Tung.
Em 21 de fevereiro de 1972, o dia em que Nixon desembarcou em Pequim, a CIA observou cuidadosamente quais autoridades chinesas apareceram em cada evento, tentando esclarecer o funcionamento do Partido Comunista.
Informes posteriores revelaram para Nixon que a visita irritou Moscou, preocupou Tóquio e incentivou potências europeias a se relacionarem com a China.
Em 10 de agosto de 1974, os informativos do presidente recém-empossado Gerald Ford abordam em detalhes a resposta global à surpreendente renúncia de Nixon.
"Nenhum dos potenciais encrenqueiros produziu qualquer barulho", observa o documento.
Na maioria dos dias, o ritual diário não era tão positivo.
No último dia de abril de 1975, Ford foi informado sem rodeios de que "o presidente Minh rendeu Saigon incondicionalmente esta manhã".
"A bandeira do governo revolucionário provisório do Viet Cong foi içada sobre o palácio presidencial às 12:15 de hoje, no horário de Saigon, marcando o fim de 30 anos de guerra no Vietnã", afirma.
Um ano e meio depois, Ford foi informado de que o presidente Mao tinha morrido.
"Mao foi um membro importante do Partido Comunista Chinês desde a sua fundação, em 1921", observou a CIA antes de examinar as implicações da morte de um homem que era a "força dominante na política chinesa".
Altos membros do Partido Comunista podem ter ficado aliviados com a sua morte, que pôs fim a receios de represálias, especulou a CIA.