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Vai a 247 o número de mortos após terremoto na região central da Itália

Cerca de 350 estão feridos e centenas desaparecidos. Os trabalhos de resgate prosseguem mais de 27 horas após a catástrofe

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Accumoli, Itália - O forte terremoto de 6,2 graus de magnitude que devastou na madrugada de quarta-feira vários povoados montanhosos do centro da Itália deixou ao menos 247 mortos, 350 feridos e centenas de desaparecidos, e os trabalhos de resgate prosseguem 27 horas após a catástrofe.

O último boletim oficial, fornecido pela Defesa Civil na manhã desta quinta, aponta 247 óbitos, contra 159 mortos informados na noite de quarta-feira. "É possível que o número de vítimas cresça", advertiu durante a tarde o chefe de governo italiano, Mateo Renzi, que percorreu a zona afetada e prometeu ajuda para as famílias afetadas.



[SAIBAMAIS]As autoridades decidiram mobilizar o Exército para os trabalhos de resgate, que são particularmente complicados por se tratar de pequenas localidades montanhosas, e para garantir a segurança da população, pela temida chegada de ladrões. Durante todo o dia, moradores e voluntários escavaram em meio a nuvens de poeira e inclusive com as próprias mãos as montanhas de pedras e pedaços de prédios e casas destruídas pelo terremoto. Cães treinados para rastrear pessoas e celulares têm servido para localizar pessoas entre os escombros.

Os moradores das cidades mais afetadas se preparavam para passar sua primeira noite ao relento, enquanto as autoridades alinhavam os corpos em parques e jardins cobertos por cobertores e lençóis.

Poeira, silêncio e solidariedade
"Minha irmã está sob os escombros. Não dá sinal de vida. Ouve-se apenas os gatos", lamentou angustiado Guido Bordo, de 69 anos, em declarações à AFP, enquanto esperava em Accumoli notícias sobre seus familiares. Os operadores pedem continuamente silêncio para poder ouvir os lamentos, gritos e sinais para escavar e tentar salvar vidas. Um casal e dois filhos que estavam de férias nesta região perderam a vida no tremor. "Salvei-me milagrosamente. Dez segundos foram suficientes para destruir tudo", contou Marco, morador de Amatrice, ao jornal La Repubblica.

O prefeito do pequeno povoado de Accumoli, Sergio Pirozzi, revelou que sua comunidade, situada a 40 km do epicentro, ficou completamente destruída. "Setenta e cinco por cento do povoado não existem mais", lamentou comovido depois de confirmar danos no hospital local. Entre as vítimas estão uma menina de um ano e seis meses e um bebê de nove meses, cuja mãe salvou-se do terremoto de 6,3 graus de 2009 em Áquila, que deixou 300 mortos.

Muitos turistas estavam na região para participar das festas organizadas todos os anos em Amatrice por ocasião da criação de uma famosa receita de espaguete. "Os hotéis estavam todos lotados", explicou o prefeito. Trata-se de uma das zonas com mais risco sísmico da Itália, país que possui uma geologia muito particular. O papa Francisco interrompeu sua tradicional audiência de quarta-feira para manifestar sua dor pelas vítimas e disse ter ficado abalado com a notícia.