Mundo

Itália dá prioridade à reconstrução de escolas após terremoto

As autoridades italianas consideram que um dos meios de motivar as populações locais a ficar nas zonas atingidas é, justamente, que seus filhos possam continuar indo ao colégio normalmente na região

Agência France-Presse
postado em 29/08/2016 11:00

O governo pretende que todos os afetados tenham abandonado as barracas em um mês e que todos contem com um alojamento estável em um prazo de cinco meses

Amatrice, Itália - Os especialistas começarão nesta segunda-feira (29/8) a avaliar a viabilidade das escolas na região atingida pelo terremoto que deixou quase 300 mortos no centro da Itália, enquanto o governo busca soluções para realojar rapidamente os desabrigados.

"Devemos dar imediatamente àqueles que sobreviveram a esta tragédia um sinal de esperança e de retorno à normalidade" e a volta à escola, em meados de setembro na Itália, deve ser "o primeiro sinal", declarou a ministra da Educação, Stefania Giannini. As autoridades italianas consideram que um dos meios de motivar as populações locais a ficar nas zonas atingidas é, justamente, que seus filhos possam continuar indo ao colégio normalmente na região.

Detectar rapidamente as escolas que precisam ser restauradas, transferir os alunos dos centros destruídos ou perigosos a outros que ficaram intactos ou construir salas de aula pré-fabricadas são algumas das opções que o governo analisa. Na quarta-feira será realizada uma reunião na presença da ministra em Amatrice, a localidade mais atingida, com mais de 230 mortos, para coordenar um retorno às aulas o mais normal possível.

[SAIBAMAIS]À margem de um funeral solene celebrado no sábado em Ascoli Piceno (centro), o prefeito da cidade, Guido Castelli, reiterou o compromisso do chefe de governo, Matteo Renzi, de dar respostas concretas aos atingidos reconstruindo o mais rápido possível as escolas, as prefeituras e as igrejas.

Mas, para que as crianças possam ir à escola, é preciso que suas famílias consigam continuar vivendo perto durante os trabalhos de reconstrução. As grandes tendas azuis que abrigam atualmente 2.500 atingidos representam uma solução provisória, mas não poderão ser usadas por muito tempo, já que o frio chega rapidamente nesta região montanhosa.

- O ponto de vista de Renzo Piano -
No domingo, Renzi se reuniu durante quatro horas com o famoso arquiteto italiano Renzo Piano, de 78 anos, prêmio Pritzker de arquitetura em 1998 e autor, junto com sua equipe, de mais de 120 projetos em vários continentes. "Renzi queria meus conselhos, uma visão, uma ajuda para um grande projeto" de reconstrução e de prevenção, declarou Piano ao jornal La Repubblica.

O arquiteto articula sua visão em duas etapas: em primeiro lugar, pequenas casas de madeira, "construções leves que poderiam ser desmontadas e recicladas posteriormente" e um retorno progressivo a casas mais sólidas a medida que os trabalhos avancem. Em uma segunda etapa, "um projeto no longo prazo (...), uma intervenção de cinquenta anos" para assegurar, respeitando a natureza e o patrimônio dos Apeninos, a cadeia montanhosa que atravessa a península italiana e que tem fortes riscos sísmicos.

Segundo a imprensa local, o governo pretende que todos os afetados tenham abandonado as barracas em um mês e que todos contem com um alojamento estável um prazo de cinco meses, antes do início, na primavera, dos trabalhos para reconstruir as casas em sua localização original. Após o terremoto de L;Alquila, que deixou mais de 300 mortos em 2009, a 50 km de Amatrice, os acampamentos permaneceram de pé durante meses.

No entanto, aquele terremoto ocorreu em abril e a Defesa Civil precisou lidar com 65.000 atingidos, muitos dos quais foram realocados em novos bairros na periferia de L;Alquila. Nesta zona rural, onde muitas famílias viviam do gado e da venda de leite, 2.800 cordeiros e 3 mil vacas também precisaram ser atendidos.



"Em Amatrice, 90% dos estábulos ficaram danificados com desabamentos", nos quais muitos animais morreram, lamentou Coldiretti, um dos principais sindicatos de agricultores da Itália. Além da ajuda para acondicionar e reconstruir os edifícios destruídos, o sindicato pede alimentos para o gado, água, geradores de eletricidade, aparelhos para a ordenha e cabos eletrificados para os currais.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação