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Primeiro voo comercial entre Cuba e EUA desde 1961 marca nova era

Com 150 passageiros a bordo, entre eles o secretário de Transporte americano, Anthony Foxx, o A320 da companhia aérea americana JetBlue aterrissou às 10h57 locais (11h57 de Brasília) em Santa Clara

Agência France-Presse
postado em 31/08/2016 13:55
Fort Lauderdale, Estados Unidos - O primeiro voo regular entre Estados Unidos e Cuba em mais de meio século aterrissou nesta quarta-feira no aeroporto de Santa Clara, no centro da ilha, iniciando uma nova era nas relações entre os antigos inimigos da Guerra Fria.

Com 150 passageiros a bordo, entre eles o secretário de Transporte americano, Anthony Foxx, o A320 da companhia aérea americana JetBlue aterrissou às 10h57 locais (11h57 de Brasília) em Santa Clara. O voo foi recebido com uma "saudação com canhão de água", pouco mais de uma hora depois de decolar do aeroporto de Fort Lauderdale (Flórida).

Os dois primeiros passageiros a sair da aeronave desceram as escadas carregando cada um deles uma bandeira, dos Estados Unidos e de Cuba e, ao pisar em terra firme, diante das câmeras de televisão, se abraçaram, observou uma equipe da AFP. "Foi uma emoção incrível, todos os passageiros, a imprensa que estava neste voo histórico, estavam sorrindo e emocionados ao chegar", declarou à AFP a diretora do Aeroportos Internacionais da JetBlue, Giselle Cortés, descrevendo o ambiente que reinou durante o voo.

"Minha avó é cubana, levou minha família há 60 anos, sou a primeira da geração de minha família a chegar a Cuba, que é minha segunda casa. É possível sentir a emoção de voltar para casa", acrescentou Cortés, de 34 anos. Este foi o primeiro voo regular entre os dois países desde 1961, quando o tráfego aéreo foi suspenso vítima da Guerra Fria.

[SAIBAMAIS]Washington e Havana acordaram em fevereiro deste ano restabelecer os voos comerciais, em um ponto de viragem no progressivo restabelecimento dos laços diplomáticos que começou em julho de 2015. "É um marco histórico nas relações entre os dois países", comentou à AFP Jorge Duany, diretor do Instituto de Investigações Cubanas da Universidade Internacional da Flórida (FIU).

Os voos regulares "permitirão um movimento mais fluído de pessoas, mercadorias, informação e ideias entre dois lugares muito próximos geograficamente, mas muito distantes politicamente", acrescentou.

Cuba, na moda

O embargo de Washington ainda proíbe o turismo em Cuba, mas os americanos podem viajar dentro de outras 12 categorias. As mais utilizadas são o intercâmbio cultural ou educacional. "Há muito interesse em Cuba, é um lugar que está quente agora, ficou na moda", disse Frank González, dono da agência Mambí Tours, que oferece pacotes para americanos com estúdios de música ou candomblé.



Desde que no ano passado foi liberada a possibilidade de viajar a Cuba, as visitas bateram um recorde: 161.000 em 2015, 77% mais que no ano anterior, de acordo com o ministério do Turismo da ilha. Mas ainda "será preciso esperar (para saber) os efeitos sócio-econômicos no longo prazo do aumento de contatos ;povo a povo; entre Cuba e Estados Unidos", disse o professor Duany.

Desde 1979, os voos "charters" supriram a demanda e até esta semana havia apenas trinta voos diários à ilha. No entanto, os operadores destes aviões alugados têm os dias contados. Normalmente, a passagem em um charter a Cuba custa entre 400 e 500 dólares, enquanto a JetBlue cobrará 99 dólares a ida e cerca do dobro ida e volta. Orlando Consuegra, dono da agência Tocororo Travel em Miami, opina que os preços se assentarão entre 250 e 300 dólares devido aos altos impostos de aterrissagem em Cuba.

Pilotos cubanos
O voo inaugural foi pilotado pelo capitão Mark Luaces e pelo primeiro oficial Francisco Barreras, ambos americanos de pais cubanos, informou a JetBlue. Ele será seguido na quinta-feira por um da Silver Airways, também a Santa Clara, e depois pelos da American Airlines, que a partir de 7 de setembro voará a cinco destinos cubanos.

Ao longo dos próximos meses a regularidade dos voos aumentará até chegar a 110 diários, 20 deles a Havana. As autoridades americanas ainda não decidiram quais companhias servirão à capital. Por enquanto, voarão a nove aeroportos provinciais as companhias JetBlue, American, Silver, Frontier, Southwest e Sun Country.

Partirão de Miami, Fort Lauderdale, Chicago, Minneapolis e Filadélfia e chegarão às cidades cubanas de Camagüey, Cayo Coco, Cayo Largo, Cienfuegos, Holguín, Manzanillo, Matanzas, Santa Clara e Santiago de Cuba.

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