Agência France-Presse
postado em 31/08/2016 17:12
Washington, Estados Unidos - Os membros da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua denunciaram na Organização dos Estados Americanos (OEA), nesta quarta-feira (31/8), um "golpe de Estado" contra Dilma Rousseff, após a conclusão de seu processo de impeachment por parte do Senado.[SAIBAMAIS]O representante suplente da Nicarágua, Luis Ezequiel Alvarado, condenou um "golpe de Estado parlamentar" depois que o Senado brasileiro pôs fim, em uma sentença histórica, a 13 anos de governos petistas no país.
"Isso demonstra que as forças regressivas do hemisfério continuam trabalhando com o objetivo de desestabilizar e de provocar golpes de Estado contra os governos progressistas da região", acrescentou Alvarado.
Pouco antes, as representações de Equador, Bolívia e Venezuela já haviam se pronunciado de maneira similar.
Equador e Venezuela anunciaram a retirada de seus respectivos representantes do Brasil, enquanto Caracas declarou ainda o congelamento das relações com Brasília.
O primeiro a se manifestar foi o presidente do Equador, Rafael Correa, que decidiu convocar o mais alto representante diplomático de seu país acreditado no Brasil.
"Destituíram Dilma. Uma apologia ao abuso e à traição. Retiraremos nosso encarregado (de negócios) da embaixada" em Brasília, escreveu Correa no Twitter.
Em maio, Quito já havia convocado para consultas seu embaixador no Brasil, Horacio Sevilla. Desde então, ele não voltou ao posto e, em junho, foi nomeado representante permanente do Equador na ONU.
Assim, o principal representante do Equador no país era, até o momento, o encarregado de negócios Santiago Javier Chávez Pareja.
Na época, o Equador advertiu que, se o afastamento de Dilma se tornasse definitivo, "reagiria com maior radicalidade".
"Nunca coadunaremos essas práticas, que nos lembram as horas mais obscuras da nossa América. Toda nossa solidariedade com a companheira Dilma, com Lula e com todo o povo brasileiro. Até a vitória sempre", reiterou o presidente.
Em um comunicado, o Ministério equatoriano das Relações Exteriores rejeitou "a flagrante subversão da ordem democrática no Brasil, que considera um golpe de Estado solapado".
"Políticos adversários e outras forças de oposição confabularam contra a democracia para desestabilizar o governo e remover de seu cargo, de forma ilegítima, a presidenta Dilma Rousseff", acrescentou.
O chanceler equatoriano, Guillaume Long, dará uma entrevista coletiva sobre o tema hoje à tarde.
No mesmo tom, o governo venezuelano de Nicolás Maduro anunciou a retirada de seu embaixador, assim como o congelamento de suas relações com o Brasil, ao condenar "energicamente" a destituição de Dilma por meio de um "golpe de Estado parlamentar".
"A Venezuela decidiu retirar definitivamente seu Embaixador na República Federativa do Brasil e congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido desse golpe parlamentar", denunciou a Chancelaria, em uma nota.
Em resposta, uma representante brasileira agradeceu pelas "manifestações de solidariedade nesse momento difícil de nossa história".