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Líder opositor do Gabão, Jean Ping, denuncia ataque à comitê eleitoral

Um porta-voz do governo disse que o ataque teve como objetivo "os criminosos" que incendiaram a Assembleia

Agência France-Presse
postado em 01/09/2016 08:12
Alguns feridos confirmaram que foram baleados pelas forças da ordem na região do Parlamento
Libreville, Gabão - O Parlamento do Gabão foi incendiado nesta quarta-feira (1;/9) por manifestantes que protestavam pelo anúncio oficial da reeleição do presidente Ali Bongo Ondimba, no poder desde 2009, horas antes das forças de segurança atacarem o comitê eleitoral da oposição em Libreville. "Todo o prédio está em chamas", indicou à AFP Yannick, um morador da capital, Libreville, presente na Assembleia. Uma grande coluna de fogo emanava do palácio Leon-Mba à noite, informaram jornalistas da AFP que estavam à distância.

"Eles entraram e atearam fogo", disse a mesma testemunha, que assegurou que as forças de segurança haviam retrocedido. Ao menos seis pessoas foram admitidas na policlínica Chambrier de Libreville com ferimentos a bala, constatou a AFP. Alguns feridos confirmaram que foram baleados pelas forças da ordem na região do Parlamento. No final da noite, o líder da oposição, Jean Ping, disse à AFP que seu comitê de campanha em Libreville foi atacado pelas forças de segurança.

"Atacaram à 01H00 (21H00 Brasília). Foi a Guarda Republicana. Primeiro bombardearam com helicópteros, depois por terra. Há 19 feridos, alguns deles muito graves", disse Ping em conversa por telefone, acrescentando que não estava no local. Um porta-voz do governo disse que o ataque teve como objetivo "os criminosos" que incendiaram a Assembleia. De acordo com a comissão eleitoral, o presidente em fim de mandato foi reeleito para um segundo período de sete anos com 49,80% dos votos, contra os 48,23% obtidos por Jean Ping, de 77 anos, outrora chefe do regime de Omar Bongo, já falecido, que dirigiu o país durante 41 anos, até 2009.

A diferença de votos foi de 5.594 de um total de 627.805 inscritos neste pequeno país petroleiro de 1,8 milhão de habitantes. O presidente em final de mandato poderia explicar sua reeleição pelos votos obtidos em seu feudo familiar, o Alto Ogooué, onde arrecadou 95,46% dos votos, sendo a participação na região superior a 99%. Resultado questionado pela oposição, que reclamou uma recontagem de votos. Antecipando-se às confusões, as forças de segurança foram deslocadas, por prevenção, para vários pontos estratégicos da cidade desde terça-feira, véspera da divulgação do resultado da eleição de sábado.



Nesta quarta-feira à noite, a tensão continuava na cidade: pontos de controle, grandes avenidas fechadas, veículos blindados nos cruzamentos, comércios fechados desde terça-feira ao meio-dia e muitos habitantes em suas casas. Desde que foi anunciada a controversa vitória de Bongo, as confusões começaram entre as forças de segurança e opositores, ao grito de "Ali deve ir". "Lamentamos três mortos e vários feridos durante a manifestação de hoje", escreveu em sua conta no Twitter Jean Ping. No fim da tarde, o porta-voz do governo desmentia a existência de vítimas.

Enquanto ocorriam os incidentes, Ali Bongo comemorava uma eleição "exemplar", "em paz e transparente", em seu primeiro discurso após o anuncio da vitória. A Comissão Eleitoral foi objeto de pressões de várias frentes para que recontasse o resultado voto a voto. Pressão vinda inclusive da França e da União Europeia, que pediram "transparência e imparcialidade".

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