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Obama cancela reunião com presidente das Filipinas após insultos

O conflito entre Estados Unidos e Filipinas acontece em um momento importante para a região, com o governo chinês tentando assumir o controle sobre o mar da China Meridional

Agência France-Presse
postado em 06/09/2016 08:38
O presidente filipino é muito criticado por ter estimulado os filipinos a matar os viciados em drogas e os traficantes
Vientiane, Laos - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, cancelou um encontro previsto para esta terça-feira (6/9) no Laos com o presidente filipino Rodrigo Duterte, que na segunda-feira (5/9) o chamou de "filho da puta". Os dois governantes se reuniriam durante o encontro de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que acontece em Vientiane. Duterte "lamenta que suas declarações tenham causado tal polêmica", anunciou o governo filipino em um comunicado publicado pouco antes do início da reunião da Asean.

"Apesar de a causa imediata (da polêmica) ser os fortes comentários em certas perguntas da imprensa (...) também lamentamos que tenha sido interpretado como um ataque pessoal contra o presidente dos Estados Unidos", assinalou um comunicado da presidência. "O presidente Duterte explicou que os comentários da imprensa segundo os quais o presidente iria falar sobre as execuções extrajudiciais o levaram a fazer o comentário virulento", completa o texto.

Na segunda-feira, Duterte falou sobre o que diria a Obama caso fosse questionado sobre os direitos [SAIBAMAIS]humanos e, em particular, sobre seus métodos na luta contra o narcotráfico. "Deve ser respeitoso. E não só lançar perguntas e declarações. Filho da puta, vou xingá-lo nesta cúpula", disse Duterte em uma coletiva de imprensa.

- Execuções extrajudiciais -
O presidente filipino é muito criticado por ter estimulado os filipinos a matar os viciados em drogas e os traficantes. As execuções extrajudiciais provocaram oficialmente 2 mil mortes desde que Duterte chegou ao poder em junho. Esta é a primeira reunião internacional com a presença de Duterte, que foi eleito após uma campanha dominada por um discurso populista. O presidente filipino, que multiplica os atos ofensivos, já havia ameaçado sair da ONU e romper relações com os Estados Unidos e a Austrália.

Durante a campanha eleitoral, ele chamou o embaixador americano em Manila de "filho de puta" e fez comentários homofóbicos. O conflito entre Estados Unidos e Filipinas acontece em um momento importante para a região, com o governo chinês tentando assumir o controle sobre o mar da China Meridional, também reivindicado pelo governo filipino, assim como por Vietnã, Malásia, Brunei e Taiwan. O sudeste asiático ocupa um espaço importante na política externa e comercial dos Estados Unidos.



Entre os principais temas do programa da reunião, Obama deve defender o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP na sigla em inglês). Vários países da Asean (formada por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã) assinaram o TPP. A reunião de Vientiane também deve registrar o primeiro encontro de Obama com a birmanesa Aung San Suu Kyi desde que ela venceu as eleições legislativas em seu país em novembro de 2015. Na capital do Laos, Obama visitará na quarta-feira um centro de ajuda às vítimas das bombas.

Laos é o país do mundo onde caíram mais bombas por habitante quando a guerra no vizinho Vietnã atingiu seu território entre 1964 e 1973. Washington buscava cortar as vias de abastecimento dos combatentes do Vietnã do Norte. Mais de duas toneladas de bombas foram lançadas e 30% não explodiram, o que representa quase 80 milhões de bombas de fragmentação ativas, que mataram ou feriram mais de 20 mil pessoas desde o fim da guerra. Obama é o primeiro presidente americano a visitar o Laos, país descrito como uma sucursal da China, que desenvolve vários projetos econômicos, de cassinos até minas.

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