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EUA: diretor da NSA 'perplexo' porque Twitter não compartilha dados

Michael Rogers fez o comentário ante o Congresso em resposta às críticas do senador John McCain ao Twitter por negar o acesso a um serviço de análise em tempo real chamado Dataminr

Agência France-Presse
postado em 13/09/2016 20:56

O diretor da Agência de Segurança Nacional americana (NSA), almirante Michael Rogers, disse nesta terça-feira (13/9) estar "perplexo" com a decisão do Twitter de negar aos serviços de inteligência dos Estados Unidos o acesso a dados que ajudem a impedir ataques violentos.

Rogers fez o comentário ante o Congresso em resposta às críticas do senador John McCain ao Twitter por negar o acesso a um serviço de análise em tempo real chamado Dataminr, que utiliza algoritmos e ferramentas de busca para detectar padrões entre os tweets e vender informações para seus clientes.

McCain perguntou a Rogers sobre uma notícia de maio do Wall Street Journal de que o Twitter tinha impedido os serviços de inteligência de usarem o Dataminr.

O senador disse que o artigo indicava que o Dataminr tinha alertado seus clientes minutos antes dos atentados deste ano em Bruxelas e no início dos atentados de novembro em Paris.

"Estamos em uma situação onde temos a capacidade de detectar ataques terroristas. No entanto, para nos anteciparmos a esses ataques, temos de ter certas informações, e o Twitter se recusa a permitir o acesso a certas informações que literalmente podem prevenir ataques?" - se perguntou o senador, que lidera o Comitê de Serviços Armados.

Rogers respondeu: "Sim, senhor, e ao mesmo tempo (o Twitter) ainda está disposto a fornecer essa informação a outros para fazer negócios, para vender, para obter lucros".

"Estou perplexo com a abordagem deles neste incidente em particular. Claramente, eu gostaria de ter uma melhor compreensão, e talvez haja conhecimentos de que eu não estou ciente", acrescentou.

McCain depois disse do Twitter: "Deveriam se envergonhar".

A rede social afirma que permite que o governo e empresas utilizem os dados, desde que não seja para fins de "vigilância". Segundo a imprensa, o Twitter, que detém uma participação no Dataminr, não quer passar a impressão de estar próximo demais da inteligência americana.

"Dataminr usa tweets públicos para vender notícias de última hora para organizações de mídia e agências governamentais, para fins de não-vigilância", disse um porta-voz do Twitter em um comunicado.

"Devido a preocupações com a privacidade, nós não autorizamos o Dataminr nem terceiros a venderem dados para uma agência do governo ou de inteligência para fins de vigilância. Esta é uma política de longa data do Twitter", acrescentou.

A disputa envolvendo o Twitter é a mais recente entre empresas de tecnologia americanas e o governo sobre o grau de cooperação no combate ao crime e a outros tipos de violência, tendo em vista preocupações com a privacidade.

O Twitter "responde a um processo legal válido emitido em conformidade com a legislação vigente, e nosso relatório de transparência mais recente mostra mais de 5.000 pedidos de informação do governo dos Estados Unidos, só em 2015", acrescenta o comunicado.

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