Agência France-Presse
postado em 15/09/2016 16:41
Washington, Estados Unidos - O presidente americano, Barack Obama, lançou um apelo nesta quinta-feira (15) por uma mobilização internacional firme e rápida pelos oceanos, que enfrentam "novas ameaças", ao anunciar a criação de uma reserva natural no Atlântico para proteger espécies e ecossistemas.
"Pedimos demais ao oceano, pedimos que se adapte a nós", lançou o presidente americano.
"Não podemos proteger realmente nosso planeta sem protegê-lo", afirmou.
Obama falou sobre as práticas de pesca comercial, entre outras atividades, e insistiu na urgente necessidade de tornar os oceanos mais resistentes às mudanças climáticas, que modificaram profundamente a vida marinha.
"Nossos oceanos nos alimentam, nos protegem, regulam nosso clima", declarou, na Conferência Nosso Oceano 2016, evento que reúne 90 países, cientistas e organizações não-governamentais.
Quase um terço das reservas de peixes do planeta está submetida à pesca predatória, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, em inglês).
Para a independente Comissão Oceânica Mundial, a pesca ilegal representa cerca de um quinto da tonelagem mundial.
Após a reserva no Pacífico, uma no Atlântico
Na conferência, Obama anunciou a criação de uma reserva natural no Atlântico, semanas depois da declaração de uma imensa área protegida no coração do Pacífico.
"O oceano enfrenta novas ameaças", destacou o presidente.
Na carta em que anuncia a iniciativa, Obama se refere, em especial, à ameaça apresentada pela mudança climática.
Situada ao longo da costa da Nova Inglaterra (nordeste dos EUA), essa reserva é a primeira criada no Atlântico por um presidente americano.
Em uma área de 12.700 km;, ela permitirá proteger várias espécies de baleias e de tartarugas marinhas, assim como corais em águas profundas, de acordo com a Casa Branca, que disse acreditar que essa proposta contará com o apoio de inúmeros países.
A pesca industrial estará proibida, ainda que esteja previsto um período de transição de sete anos para a de caranguejo e de lagosta.
Os representantes do setor da pesca expressaram seu descontentamento, enquanto várias ONGs consideram a resolução uma etapa importante.
"Essa é uma decisão histórica que permitirá preservar a grande diversidade da vida marinha, mas que também beneficiará a economia da Nova Inglaterra", considerou a presidente do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, Rhea Suh.
A área é objeto de múltiplos estudos científicos que permitiram descobrir três fendas submarinas mais profundas do que o Grand Canyon, assim como quatro montanhas submarinas que formam um refúgio apreciado por inúmeras espécies raras e ameaçadas.
Reino Unido duplica áreas protegidas
Na cúpula, o Reino Unido anunciou sua decisão de duplicar seus territórios além-mar - até a superfície das áreas marinhas protegidas - para um total de quatro milhões de km;.
O ator e ativista ambiental Leonardo DiCaprio apresentou nesta quinta-feira (15) um programa on-line proposto pelas ONGs Oceana e SkyTruth, em colaboração com o gigante de Internet Google, que dá a possibilidade de as pessoas seguirem as atividades dos pescadores industriais no mar, quase em tempo real.
O "Global Fishing Watch" já permite ver as atividades pesqueiras de 35.000 navios, do total de 1,3 milhão no mundo.