Vitrines quebradas, coquetéis Molotov, confrontos com a Polícia: a violência tomou conta das ruas na França, nesta quinta-feira (15/9), deixando cerca de 20 feridos, em manifestações contra a reforma trabalhista adotada após meses de aguerrida contestação política e social.
Atingido por coquetéis Molotov, um policial teve sua perna queimada em Paris, onde quatro manifestantes também ficaram feridos.
"Ao todo, 15 policiais e gendarmes ficaram feridos em todo o país, dois deles gravemente", declarou o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, acrescentando que 62 pessoas foram detidas.
Depois de uma trégua e apesar da votação do texto no Parlamento, os críticos da Lei Trabalho (no francês "Loi Travail") agitaram bandeiras, cartazes e entoaram palavras de ordem na manifestação de hoje, anunciada como a última delas.
Pela 14; vez nas ruas, milhares de pessoas contrárias à "Lei Trabalho" - 78.000, segundo a Polícia; 170.000, segundo os organizadores - marcharam na capital e em quase 100 cidades para exigir a "retirada integral" dessa lei defendida pelo governo socialista, apesar da oposição de uma parte do próprio partido.
Em diferentes episódios, manifestantes, alguns mascarados, jogaram projéteis nos policiais, que responderam com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
Em Paris, o protesto transcorreu, em grande parte, de forma pacífica, mas, ainda assim, pontos de ônibus e outros objetos do mobiliário urbano foram alvo de degradação, e coquetéis Molotov foram lançados contra lojas. Pelo menos 16 pessoas acabaram detidas.
Confrontos com a Polícia também aconteceram em Nantes e Rennes, duas cidades do oeste do país onde a contestação foi particularmente intensa no primeiro semestre. No sul, Toulouse e Montpellier também registraram protestos.
Desde a apresentação de seu projeto de reforma, o governo socialista enfrenta uma resistência inédita. Em 31 de março, entre 390.000 (segundo as autoridades) e 1,2 milhão de pessoas (sindicatos) foram às ruas.