postado em 18/09/2016 08:00
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) iniciaram ontem uma conferência nacional inédita em uma selva de Caguán, no sudeste do país. A intenção é referendar a paz negociada com o governo e se transformar, depois de 52 anos de conflito armado, em um movimento político legal. O encontro seguirá até sexta-feira e deverá contar com a participação de mais de mil guerrilheiros ; entre eles, 29 membros do Estado-Maior Central das Farc e 24 presos que obtiveram uma permissão especial para participar do debate.[SAIBAMAIS];Há todo um povo que está há 52 anos à espera da paz e que batalhou por isso. Nosso compromisso indeclinável com esse povo deve ser ratificado;, conclamou o chefe das Farc, Rodrigo Londoño, também conhecido como Timochenko. O líder ressaltou ainda que, com a medida histórica, negociada durante quatro anos em Cuba, ficará ;definitivamente claro que, nessa guerra, não existem vencedores nem vencidos; e que, ;para as Farc e o nosso povo, a maior satisfação será sempre ter ganhado a paz;.
O pacto de 297 páginas estipula pautas para o desenvolvimento agrário, o enfrentamento a drogas ilícitas, o desarmamento dos guerrilheiros e a reinserção social deles, além do compromisso de reparar as vítimas. A expectativa de acadêmicos e políticos é de que a conferência aprovará o acordo, previsto para ser assinado por Timochenko e o presidente Juan Manuel Santos no próximo dia 26. O pacto deverá ainda ser aprovado pelos colombianos em um plebiscito convocado para 2 de outubro. O conflito de meio século envolvendo guerrilheiros, paramilitares e agentes do governo causou cerca de 260 mil mortes, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de refugiados.