Silvio Queiroz
postado em 18/09/2016 10:45
É com expectativa ansiosa e com as atenções voltadas para o horizonte de um ano à frente que a chanceler (chefe de governo) da Alemanha, Angela Merkel, acompanha a eleição de hoje para o Legislativo de Berlim. Duas semanas depois de ter assistido a um dos piores desempenhos de seu partido, humilhado pela direita anti-imigrantes no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Merkel aguarda os números da próxima catástrofe anunciada. A União Democrata Cristã (CDU), que vem em queda também nas pesquisas de alcance nacional, chega às urnas na capital para colher outro revés ; que deve lhe custar a permanência no governo local de coalizão chefiado pelo Partido Social Democrata (SPD). O tamanho da derrota, porém, pode ter impacto direto sobre o gabinete liderado por Merkel, que tem a mesma dobradinha.
[SAIBAMAIS]As sondagens finais de dois dos principais institutos de opinião mostraram, no início da semana, um cenário semelhante (veja infografia): SPD e CDU ocupam as duas primeiras posições, mas sem perspectiva de manterem a maioria necessária para governar. Na sexta-feira, o instituto Forsa apresentou seus últimos números, porém com três outras forças se aproximando da legenda da chanceler: os Verdes (15%), a Esquerda (14,5%) e a Alternativa para a Alemanha (AfD, 14%), a nova força ultranacionalista que chegou para desarrumar o já confuso tabuleiro político no país. Com 23%, o SPD deve manter Michael Müller na prefeitura, mas os 18% atribuídos à CDU praticamente forçam a busca de outra coalizão ; mais provavelmente, com os ecologistas e os pós-comunistas.
O fraco desempenho das duas legendas que se alternam no governo alemão desde o fim da Segunda Guerra Mundial, há sete décadas, não é um fenômeno circunscrito a Berlim, nem constitui uma tendência recente ; em especial para o SPD, que vê cada vez mais distante o patamar dos 30%. Para o partido de Merkel, porém, que venceu em 2013 quase com maioria absoluta, a ascensão da AfD tem sido fulminante, e não apenas na série de derrotas amargadas nas eleições regionais. Em boa parte como resposta à entrada de mais de 1 milhão de refugiados no país, em 2015, a chanceler colhe a rejeição a sua política de fronteiras abertas: nas pesquisas para a eleição legislativa de 2017, a CDU aparece hoje com magros 32%, um dos piores resultados dos últimos anos.
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