Agência France-Presse
postado em 18/09/2016 13:45
A conferência das Farc na Colômbia, que deve ratificar o acordo de paz alcançado com o governo para terminar mais de meio século de violência fratricida, vai "de vento em popa", disse neste domingo o chefe negociador da guerrilha. "Tudo vai de vento em popa", assegurou a jornalistas Iván Márquez, que liderou a delegação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas) nos diálogos de paz com o governo de Juan Manuel Santos, desenvolvidos em Cuba desde 2012.Membros das Farc que chegaram de toda Colômbia ao Caguán, seu tradicional reduto no sudeste do país, são convocados a se pronunciar sobre o acordo para acabar com um conflito que deixou cerca de oito milhões de vítimas, incluindo 260.000 mortos, em enfrentamentos entre guerrilhas, paramilitares e agentes do Estado.
"Estamos sentindo um apoio muito forte a todo o trabalho que realizamos em Havana. É um apoio total, o qual alcançamos na mesa de negociações", afirmou Márquez, visivelmente satisfeito pelo desenvolvimento da cúpula, que será realizada até a próxima sexta-feira na remota localidade de El Diamante, nos Llanos del Yarí.
[SAIBAMAIS]A Décima Conferência Nacional Guerrilheira reúne a portas fechadas 29 membros do Estado-Maior Central das Farc, liderados por seu líder máximo Timoleón Jiménez, ;Timochenko;, e cerca de 200 delegados das distintas estruturas rebeldes. "As Farc estão com a paz, as Farc estão pensando em se tornar um movimento político legal. Estamos caminhando neste rumo. E até agora o que escutamos é de total apoio ao que acordamos, ao conteúdo final", enfatizou Márquez.
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As Farc, nascidas de uma insurreição camponesa em 1964, contam com cerca de 7.000 combatentes, segundo estimativas oficiais. Acadêmicos e políticos estão convencidos de que a conferência aprovará o acordo de paz, que será assinado por Timochenko e Santos em uma pomposa cerimônia em 26 de setembro em Cartagena.
Para entrar em vigor, o pacto ainda deve ser aprovado pelos colombianos em um plebiscito convocado para o dia 2 de outubro. Embora o "Sim" venha recolhendo um apoio majoritário, a última pesquisa divulgada na sexta-feira revelou uma queda de 9,5 pontos percentuais em relação à semana anterior, com 55,3% de adesões contra os 38,3% do "Não".
O pacto de 297 páginas estipula, além de pautas para o desenvolvimento agrário, solução do problema das drogas ilícitas e participação política, o desarmamento dos guerrilheiros e sua reinserção social, assim como o sistema especial de justiça ao qual poderão recorrer e seu compromisso para reparar as vítimas.