Milhares de pessoas fugiram nesta segunda-feira (19/9) de um dos principais campos de refugiados na ilha grega de Lesbos, em consequência de um incêndio deflagrado nas instalações, aparentemente intencional - informou a Polícia.
"Entre 3.000 e 4.000 imigrantes fugiram do campo de Moria", disse uma fonte policial à AFP, acrescentando que o fogo "destruiu quase totalmente" as barracas que abrigavam os refugiados, enquanto as instalações que fornecem acomodação adicional e serviços de saúde e de registro foram danificadas.
Em torno de 150 menores foram retirados do local e levados para instalações especiais para crianças em outra parte da ilha, informou a Polícia.
A fonte disse que não havia "nenhuma dúvida" de que o incêndio foi provocado intencionalmente por imigrantes de dentro do campo e em coincidência com os seis meses dos acordos migratórios entre a União Europeia e a Turquia, que preveem enviar de volta a este país os imigrantes que chegam ao bloco.
Os fortes ventos registrados na segunda-feira intensificaram as chamas. Mais cedo, os bombeiros foram impedidos de entrar no local devido a confrontos que eclodiram entre grupos de imigrantes de diferentes nacionalidades, segundo relatos.
No entanto, uma vez dentro do local, os bombeiros conseguiram controlar o fogo.
Os incidentes são frequentes neste campo que, apesar de ter capacidade para 3.500 refugiados, abriga atualmente 5.650, segundo dados oficiais.
A maioria dos imigrantes está bloqueada, já que, por serem impedidos de seguir viagem pelos acordos entre a UE e a Turquia, solicitaram asilo na Grécia, e uma decisão pode demorar meses. Desde a entrada em vigor dos acordos, 502 imigrantes foram reenviados à Turquia.
Atualmente, cerca de 60.000 refugiados e imigrantes vivem na Grécia. A maioria tenta chegar à Alemanha e a outros países ricos da UE, mas estão impedidos de viajar desde que vários países dos Bálcãs e do Leste Europeu fecharam suas fronteiras, no início deste ano.
Em diferentes oportunidades, organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram as condições de superlotação e insalubridade desses campos.
A situação é especialmente crítica em Lesbos e em outras ilhas do Egeu próximas à Turquia, aonde chega a maior parte dos imigrantes.
Segundo dados do governo, há cerca de 13.000 pessoas em cinco campos nas ilhas, em instalações planejadas para acolher 8.000 pessoas.
A maioria deles é de refugiados sírios que escapam da guerra civil, além de iraquianos, afegãos, paquistaneses e outros do norte da África que são considerados imigrantes econômicos, e que por isso não têm automaticamente o direito de asilo na Europa.