Agência France-Presse
postado em 20/09/2016 14:10
Nova York, Estados Unidos - O cidadão naturalizado americano de origem afegã denunciado pelos ataques com bomba no fim de semana em Nova York e Nova Jersey se encontra internado em estado crítico, mas estável, informou a polícia nesta terça-feira.
Ahmad Khan Rahami, de 28 anos, ficou ferido na segunda-feira em um tiroteio com a polícia em Linden, Nova Jersey, apenas quatro horas depois que as autoridades divulgassem sua foto, com mensagens de alerta e pedindo informações.
"Crítico, mas estável", afirmou o comissário da polícia de Nova York, James O;Neill, falando à cadeia CBS.
O suspeito recebeu vários impactos de bala e foi submetido a uma cirurgia, informaram as autoridades.
Rahami foi denunciado na noite de segunda-feira por tentativa de homicídio, após uma troca de tiros com a polícia.
[SAIBAMAIS]Ele foi detido em Linden, Nova Jersey, depois de um confronto no qual dois policiais ficaram feridos, do mesmo modo que o suspeito, levado a um hospital e submetido a cirurgia.
O promotor do condado de Union, Grace Park, denunciou Rahami por tentativa de homicídio de policiais e posse de arma de fogo, e um tribunal local fixou a fiança em 5,2 milhões de dólares.
Rahami, um americano de origem afegã, é o único suspeito do ataque que deixou 29 feridos no sábado, no bairro Chelsea de Nova York.
Às explosões em Chelsea, Manhattan, e Nova Jersey, se somou um ataque com faca em Minnesota, no qual um americano de origem somali de 22 anos feriu nove pessoas fazendo referências a Alá.
O presidente Barack Obama, que está em Nova York para a Assembleia Geral da ONU, convocou os americanos a "não sucumbirem ao medo" diante dos ataques.
"Neste momento não vemos qualquer conexão entre este incidente (em Minnesota) e o que ocorreu aqui, em Nova York e em Nova Jersey. Nossa atenção agora está focada nas pessoas que ficaram feridas", disse Obama, acrescentando que governo fará tudo o que for necessário para que a justiça seja feita.
"Temos todas as razões para acreditar que este foi um ato de terrorismo", declarou o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, descartando, no entanto, que as autoridades não estão procurando outros indivíduos ligados ao caso.
Essa informação foi confirmada por funcionários da inteligência americana.
"Não temos qualquer indicação de que haja uma célula operacional na área ou na cidade", declarou o subdiretor do escritório do FBI em Nova
O prefeito Chris Bollwage, de Elizabeth, onde o suspeito residia, também esclareceu que o suposto autor dos ataques "não estava nos radares dos corpos policiais locais".
As imagens de um homem com barba e o braço ensanguentado sobre uma maca quando era colocado na ambulância dominou os noticiários dos Estados Unidos após a prisão de Rahami.
- Temores -
O FBI indicou que o último domicílio conhecido de Rahami era Elizabeth, cidade de Nova Jersey onde foram encontrados explosivos na estação de trens, perto do aeroporto de Newark.
Os ataques de Nova York, Nova Jersey e Minnesota foram registrados em um período de 24 horas, aumentando os temores em matéria de segurança num momento em que é travada uma dura batalha eleitoral entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump.
Nova York entrou em alerta completo e mobilizou mais de 1.000 policiais em aeroportos, terminais de ônibus e estações de metrô, antes da abertura, na terça-feira, da Assembleia Geral da ONU.
- Lobo solitário -
Rahami trabalhava no restaurante de seus pais, o First American Fried Chicken, segundo o jornal The New York Times.
Algumas informações sobre seu passado e sua motivação surgiram nesta segunda-feira, quando a inspiração islâmica para o ataque começou a ganhar força.
The New York Times citou amigos de Rahami que revelaram "uma mudança do seu comportamento e em sua vida religiosa após uma viagem que teria feito ao Afeganistão".
Há quatro anos desapareceu por um tempo, declararam os amigos ao jornal.
"Foi como se fosse alguém completamente diferente", declarou ao jornal Flee Jones, um morador do bairro de 27 anos. "Ficou muito sério e se fechou completamente".
"Todo mundo conhece o pai (Mohammad Rahami), um comerciante que fala pouco", revelou um funcionário de uma loja próxima ao restaurante First American Fried Chicken.
Quinze anos depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, as autoridades ressaltam que os Estados Unidos são muito mais seguros para enfrentar planos terroristas originados no exterior, embora sejam vulneráveis a ataques de "lobos solitários" inspirados pela propaganda do EI ou da Al-Qaeda.
As explosões de Nova York e Nova Jersey não foram reivindicadas, diferentemente do ataque a facadas em um centro comercial de Saint Cloud, Minnesota, com um saldo de nove feridos, que foi assumido pelo EI.
O autor do ataque era um "soldado do EI" que respondeu aos chamados para tomar como alvo os cidadãos dos países membros da coalizão dos cruzados", indicou o Amaq, órgão de propaganda do grupo extremista.
A polícia confirmou que o criminoso perguntava às vítimas se eram muçulmanas antes de esfaqueá-las, e que "fazia referências a Alá".
O agressor, abatido por um policial de folga, era um americano de origem somali de 22 anos.
A candidata democrata Hillary Clinton afirmou que a ameaça terrorista era real, mas "nossa determinação também", e convocou a inteligência a redobrar os esforços para combatê-la.
Já seu rival republicano, Donald Trump, se referiu à possibilidade de novos ataques e criticou o que classificou de frágeis políticas dos Estados Unidos, que abrem as portas a dezenas de milhares de migrantes.
"Teremos que ser muito duros", advertiu a rede Fox.