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Peru: incêndio ameaça nativos e destrói 19.000 hectares de floresta

"Se registrou 19.376 hectares de cobertura de área natural destruída e 208 hectares de cultivos destruídos pelo incêndio florestal", indica um relatório do Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci)

Agência France-Presse
postado em 20/09/2016 19:24

Lima, Peru - Um enorme incêndio florestal que já destruiu milhares de hectares de floresta tropical ameaça o habitat de comunidades nativas da zona central do Peru e afeta parte da fauna amazônica, em um incidente provocado por uma antiga prática agrícola de queima de pastarias.

"Se registrou 19.376 hectares de cobertura de área natural destruída e 208 hectares de cultivos destruídos pelo incêndio florestal", indica um relatório do Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci).

Segundo o relatório, o fogo começou em 10 de setembro na comunidade nativa de Pitsiquia, da região de Junín (selva central), e ainda não foi controlado.

"Foi registrada poluição do ar, como resultado disso, os moradores manifestam problemas oculares", informou a direção de Saúde de Junín.


O fogo afeta um setor dentro da zona do VRAEM (Valle de los ríos Apurímac, Ene y Mantaro), onde, além de vegetação, há abundantes cultivos de café, cacau e folha de coca.

A situação preocupa as autoridades regionais, já que perto do lugar do incêndio se encontra o Parque Nacional Otishi, perto da Reserva Comunal Ashaninka.

"Há um foco de fogo, o mais perigoso, que já entrou na Reserva Comunal Ashaninka. Este foco está avançando rapidamente. (...) Se o fogo passa da reserva comunal, chega ao Parque Nacional", explicou à AFP o gerente de Imagem da municipalidade do distrito de Río Tambo, Jimmy Laura.

Cerca de 5.000 pessoas de 10 comunidades de Río Tambo estão em risco. Várias destas comunidades foram golpeadas pelo guerrilha de Sendero Luminoso, que gerou terror no país entre 1980 e 2000.

Marco Pastor, assessor da diretoria do Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas (Sernanp), explicou à agência estatal Andina que a seca intensa de agosto e setembro é uma das causas do incêndio.

Mas este também se deve à ancestral prática agrícola de queimar mato para limpar o campo para o cultivo.

"Infelizmente, esta prática pode sair do controle e provocar a extensão do fogo, com a ajuda dos fortes ventos, e se converter em um incêndio florestal", disse Pastor.

O especialista detalhou que o novo satélite peruano PerúSAT-1, lançado no espaço na semana passada, forneceu imagens em detalhe do incêndio para avaliar os danos provocados e as ações a serem tomadas.

Em 2005, foi registrado no setor do VRAEM um incêndio florestal que destruiu mais de 90.000 hectares de florestas, e só as chuvas puderam controlá-lo.

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