Agência France-Presse
postado em 20/09/2016 19:26
Caracas, Venezuela - A Venezuela protestou contra uma reunião de seus sócios do Mercosul em Nova York, a primeira desde que bloquearam sua presidência pro tempore no organismo, para a qual não foi convidada - disse a chanceler Delcy Rodríguez.
"Nós enviamos formalmente nossa rejeição a essas reuniões de relacionamento externo que servem apenas para tratar da presidência pro tempore", informou a ministra em coletiva de imprensa.
No domingo passado (18), os chanceleres José Serra (Brasil), Susana Malcorra (Argentina), Rodolfo Nin Novoa (Uruguai) e Eladio Loizaga (Paraguai) se encontraram à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Eles assinaram um acordo que determina que o Uruguai se encarregará das negociações do Mercosul com a União Europeia (UE) para um tratado comercial.
"A Venezuela não participa das negociações com a União Europeia", disse Rodríguez, argumentando que as negociações buscam implantar no Mercosul um acordo como a Alca (a Área de Livre-Comércio das Américas), que os Estados Unidos tentaram, sem sucesso, promover na América Latina.
O encontro em Nova York foi o primeiro entre representantes do Mercosul, depois que, na semana passada, seus quatro fundadores anunciaram no Rio de Janeiro que assumiriam conjuntamente a presidência rotativa do bloco.
Os quatro países exigem que o governo de Nicolás Maduro, sob pena de suspensão, cumpra suas obrigações em matéria alfandegária e de direitos humanos até o 1; de dezembro.
A ministra Rodríguez garante que a "efetividade" do país - incluído no bloco em 2012 - na ratificação de seus compromissos supera "enormemente" a dos outros membros.
"Em um ano, a Venezuela incorporou 289 normas. Se compararmos isso com os 25 anos do restante dos países, em um ano, a Argentina (incorpora) 41 normas, o Brasil, 45, e o Paraguai, 35", disse.
"A Venezuela está em dívida com 208 normas, o Uruguai deve 400, o Paraguai, 408, o Brasil, 151, e a Argentina, 331", acrescentou a chanceler, ressaltando que a sanção contra o país surge da "intolerância política e ideológica".
Mesmo assim, o governo diz estar aberto ao diálogo.