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Diminui esperança de encontrar sobreviventes de naufrágio no Egito

As autoridades indicaram que quatro supostos traficantes foram detidos, todos eles egípcios, e acusados de "tráfico de seres humanos" e "homicídio culposo"

Agência France-Presse
postado em 22/09/2016 15:57
Roseta, Egito - As chances de encontrar sobreviventes do naufrágio na quarta-feira (20/9) de um barco com até 450 migrantes na costa mediterrânea egípcia, grande parte dos quais viajava no porão, diminuíam nesta quinta-feira. O balanço oficial até o momento é de 55 mortos, enquanto 163 pessoas foram resgatadas no local do naufrágio do barco de pesca, a 12 quilômetros do litoral de Rosetta, cidade da costa mediterrânea do Egito.

As autoridades indicaram que quatro supostos traficantes foram detidos, todos eles egípcios, e acusados de "tráfico de seres humanos" e "homicídio culposo". "O balanço será pior", advertiu uma fonte médica contactada pela AFP. "No barco, há um porão onde se armazena o peixe, que ainda não foi aberto. Deve estar cheio de gente dentro", acrescentou o funcionário. Segundo os testemunhos de uma dezena de sobreviventes, uma centena de pessoas viajavam no porão.

O navio naufragou devido à sobrecarga, afirmaram os sobreviventes. As equipes de resgate [SAIBAMAIS]chegaram ao local seis horas depois do acidente, segundo eles. "Éramos 200, o barco já estava cheio. E chegaram outros 200. O barco tombou e começou a afundar", contou Ahmed Mohamed, um pintor egípcio de 27 anos, algemado na maca de um hospital. "Era o apocalipse. Todos tentavam sair vivos. Nadei 10 quilômetros". Na manhã desta quinta-feira, na praia ao norte de Rosetta, na foz do Nilo, dezenas de pessoas se reuniram, algumas lendo o Alcorão, à espera de informações sobre seus parentes desaparecidos, constatou um jornalista da AFP.

O Egito se converteu há pouco tempo em um ponto de partida para muitos candidatos à imigração, dispostos a pagar grandes somas de dinheiro para chegar à Europa. Desde o início da primavera (hemisfério norte), centenas de pessoas a bordo de embarcações precárias foram resgatadas ou interceptadas pela guarda-costeira egípcia. Mas não ocorreram recentemente naufrágios desta magnitude. Dos 163 sobreviventes anunciados pelo exército, 157 estão detidos na delegacia de Rosetta: em sua maioria são egípcios, mas também há sudaneses, somalis e sírios.



Entre as vítimas há 10 mulheres, uma criança e 31 homens, havia indicado na noite de quarta-feira à AFP Ali Abdel Sattar, funcionário da pequena localidade de Matbuss, ao norte de Rosetta. Segundo o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, 10% dos migrantes que chegam à Europa o fazem partindo de barco do Egito. A travessia inclui com frequência perigosas baldeações no meio do mar. Na terça-feira, o exército egípcio havia anunciado que interceptou um navio que transportava 68 migrantes. Na quarta-feira interceptou outro com 294 pessoas a bordo.

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