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Homem é condenado a comprar livros feministas para prostituta adolescente

Proferida pela juíza Paola Di Nicola, a pedido da promotora Cristiana Macchiusi, a sentença conclui uma investigação iniciada em 2013 sobre uma rede de prostituição que envolve duas meninas então com 14 e 15 anos

Agência France-Presse
postado em 23/09/2016 18:56

Roma, Itália - Um tribunal de Roma impôs uma sanção incomum ao cliente de uma prostituta menor de idade: além de dois anos de prisão, o homem foi condenado a dar de presente para a adolescente 30 livros que abordam a condição da mulher - informou a imprensa italiana nesta sexta-feira (23).

Poemas de Emily Dickinson, ensaios de Virginia Woolf e Hannah Arendt e cartas de Anne Frank são alguns dos livros que o cliente terá de comprar para a jovem prostituta como indenização pelos danos morais causados.

Proferida pela juíza Paola Di Nicola, a pedido da promotora Cristiana Macchiusi, a sentença conclui uma investigação iniciada em 2013 sobre uma rede de prostituição que envolve duas meninas então com 14 e 15 anos.


As duas adolescentes levavam uma vida dupla: de manhã assistiam a aulas no colégio e de tarde iam para um apartamento do elegante bairro romano de Parioli, no norte da capital, onde trocavam sexo por dinheiro e drogas.

A pedido de uma das mães, a Polícia interceptou as conversas telefônicas entre as adolescentes, um intermediário e os clientes, e deteve cinco pessoas, entre elas a mãe da prostituta mais jovem e vários clientes, entre eles empresários.

As adolescentes disseram para os investigadores que ofereciam sexo em troca de dinheiro para poder "comprar roupas novas e celulares modernos".

Ao término da primeira sentença, em 2014, um juiz condenou o intermediário a nove anos de prisão e qualificou as jovens como "crianças que foram levadas, sem restrições, à libertinagem a fim de ganhar dinheiro fácil".

Embora as motivações da condenação não tenham sido publicadas, a decisão da juíza aponta para ajudar a jovem a entender que ela foi "ferida em sua dignidade como mulher", segundo o jornal Il Corriere della Sera.

O jornal pediu a opinião da filósofa e feminista Adriana Cavarero, sobre os livros que o condenado deverá comprar para a jovem prostituta.

"Preferia que a juíza também tivesse obrigado o cliente das prostitutas a ler esses livros", afirmou Adriana, professora de Filosofia na Universidade de Verona.

"Durante a adolescência, não se reflete, mas o que ele fez é muito mais grave: um adulto que compra conscientemente relações sexuais com uma menor de idade", disse.

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