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Farc e Juan Manuel Santos assinam documento histórico sobre fim do conflito

Estudiosos citam desafios e perspectivas



Andrés Macías Tolosa, professor da Universidad Externado de Colombia (em Bogotá), afirma ao Correio que as Farc têm a possibilidade de se consolidarem como movimento político, mas sem representatividade significativa. ;Espera-se a transição das armas à política. Os assentos que a guerrilha vai conquistar serão muito poucos para se obter a maioria no Congresso. A presença de representantes das Farc no Legislativo lhes permitirá participar da vida pública, como contrapartida para que deixem as armas e divulguem seus ideais em debates políticos, não mais por meio do medo e do terror;, observa.

O especialista avalia os obstáculos do processo de paz, mediado por Cuba e Noruega e iniciado em Havana, em 26 de agosto de 2012. ;Durante as conversas, as Farc queriam obter mais benefícios e o governo Santos não estava disposto a ceder. Além disso, as diferenças políticas, especialmente entre partidários e opositores do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2006 e 2006-2010), causaram uma luta interna, na qual se criticou o processo, muitas vezes com mentiras e más intenções;, disse Tolosa. Disputa que, segundo ele, confundiu a sociedade. No próximo domingo (2 de outubro), a população colombiana vai decidir, em referendo, se apoia ou veta o acordo de paz. Uribe é entusiasta do ;Não;.

Projeto
De acordo com Mauricio Romero Vidal, professor da Pontificia Universidad Javeriana (em Bogotá), a participação política dependerá da capacidade de liderança das Farc e de sua interpretação das ânsias dos setores regionais, que se sentiram alijados do processo. ;A desmobilização dos guerrilheiros será difícil, mas não impossível. Se o projeto político tiver êxito, será mais fácil o retorno deles à civilização.; Por sua vez, Eduardo Bechara Gómez, da Universidad Externado de Colombia, explicou que as Farc não tinham escolha, a não ser negociar a paz, após o fortalecimento do Exército por parte dos governos de Andrés Pastrana (1998-2002) e de Uribe. Cerca de 15 mil combatentes desertaram em troca da reintegração estatal. ;A guerrilha perdeu lideranças e combatentes rasos, e teve afetada a coesão organizacional;, comentou. ;A correlação de forças se definiu a favor do Estado.;

Bechara lembrou que não será a primeira vez que a Colômbia realizará o trânsito de combatentes para a cidadania. Nas décadas de 1980 e 1990, o Estado montou um esquema de reinserção para guerrilheiros do M-19 e do Quintín Lame e ofereceu dinheiro. ;Durante a desmobilização das organizações de autodefesa e de paramilitares, Uribe estruturou a ;rota da integração;, programa que ajudou a reintegrar 57 mil combatentes. A aposta das Farc é manter a estrutura, mas sob a lógica da ação política.;

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