Agência France-Presse
postado em 29/09/2016 08:28
Jerusalém, Undefined - O caixão de Shimon Peres coberto com a bandeira de Israel foi levado nesta quinta-feira (29/9) para a Esplanada da Knesset (Parlamento) em Jerusalém, onde os israelenses prestam a última homenagem a seu ex-presidente antes do funeral de sexta-feira, na presença de vários líderes mundiais.
As principais autoridades israelenses - o presidente Reuven Rivlin, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente do Parlamento, Yuli Edelstein, e o líder opositor Isaac Herzog - iniciaram a homenagem popular em uma cerimônia sem discursos, durante a qual depositaram coroas de flores ao redor do caixão.
Em seguida, os israelenses começaram a caminhar diante do caixão. Depois de passar pelos controles de segurança, os israelenses caminhavam pelos jardins do Parlamento [SAIBAMAIS]e se aproximavam do caixão de Peres. Muitos aproveitavam para fazer fotos. O governo mobilizou um grande dispositivo de segurança, com 7 mil policiais em Jerusalém, que deve receber nas próximas horas dezenas de líderes mundiais, entre eles o presidente americano Barack Obama.
Israel não vivia um acontecimento desta magnitude desde o funeral em 1995 de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro assassinado por um extremista judeu e que havia recebido ao lado de Peres e do líder palestino Yasser Arafat o prêmio Nobel da Paz em 1994 pelos Acordos de Paz de Oslo. Na sexta-feira, o monte Herzl, onde Shimon Peres será enterrado, e grande parte de Jerusalém permanecerão isolados do mundo.
As cerimônias fúnebres coincidem com o início do recesso das grandes festas judaicas e as autoridades israelenses temem uma retomada da violência palestina. Peres faleceu na quarta-feira, aos 93 anos, no hospital em que estava internado por um acidente vascular cerebral sofrido no dia 13, data de aniversário dos Acordos de Paz de Oslo.
Ele era o último sobrevivente da geração dos pais fundadores do Estado de Israel. O anúncio da morte provocou uma série de homenagens em todo o mundo, com menções à visão, coragem e tenacidade de um homem que vários líderes mundiais chamavam de "amigo". Os presidentes dos Estados Unidos, França e Alemanha, o ex-presidente americano Bill Clinton, o rei da Espanha Felipe VI, o príncipe Charles da Inglaterra e dezenas de personalidades comparecerão na sexta-feira à cerimônia fúnebre.
O papa Francisco lamentou a morte de Peres e pediu que sua "herança" seja respeitada, em um momento difícil para o conflito israelense-palestino. Obama ordenou que as bandeiras da Casa Branca e de todos os prédios oficiais e militares nos Estados Unidos e no exterior permaneçam a meio mastro até sexta-feira. Presente nas grandes batalhas da curta história do Estado hebreu e em suas agudas controvérsias políticas, Peres mudou sua imagem de guerreiro para a de um político de consenso, sendo considerado um "sábio" da nação.
Peres, que entrou para a política aos 25 anos graças ao fundador de Israel, David Ben Gurion, foi um dos arquitetos do programa nuclear de Israel, país considerado a única potência atômica militar do Oriente Médio. Primeiro-ministro em duas oportunidades, de 1984 a 1986 e em 1995-1996, presidente de 2007 a 2014, Peres ocupou durante mais de meio século de vida pública diversos cargos e foi ministro das Relações Exteriores, Defesa, Informação, Transportes e Integração.
Apesar dos acordos de Oslo e das negociações de paz, os palestinos têm uma visão muito mais turva do homem que aprovou as primeiras colônias judaicas na Cisjordânia e ainda era primeiro-ministro quando a aviação israelense bombardeou o povoado libanês de Cana, matando 106 civis em abril de 1996. O corpo de Shimon Peres será sepultado no cemitério do monte Herzl, onde estão enterradas as grandes figuras de Israel, como Yitzhak Rabin.