Agência France-Presse
postado em 01/10/2016 10:56
O maior hospital dos bairros rebeldes de Aleppo foi bombardeado pela segunda vez esta semana, ao mesmo tempo que o regime sírio e sua aliada Rússia prosseguem com a campanha militar para retomar a totalidade da segunda maior cidade da Síria.A ofensiva, iniciada na semana passada, permitiu às forças pró-governo ganhar terreno em detrimento dos rebeldes nas zonas central e norte de Aleppo, com o apoio dos bombardeios, que mataram dezenas de civis e provocaram cenas de destruição.
Leia mais notícias em Mundo
Dividida desde 2012 em um setor oeste, controlado pelo regime, e uma parte leste, nas mãos dos rebeldes, Aleppo se tornou a principal frente de batalha da guerra na Síria, que deixou mais de 300.000 mortos em cinco anos.
Quase 250.000 pessoas, incluindo 100.000 menores de idade, vivem nos bairros controlados pelos insurgentes e sofrem, segundo a ONU, "a catástrofe humanitária mais grave já vista na Síria".
Os esforços diplomáticos para restabelecer um cessar-fogo na Síria parecem completamente sepultados, apesar do governo dos Estados Unidos, que apoia a oposição ao regime, ter afirmado na sexta-feira que o diálogo com a Rússia, aliada de Damasco, não estava morto. A situação na área médica é catastrófica nos bairros rebeldes de Aleppo.
Dois barris explosivos atingiram neste sábado o maior hospital da zona, de acordo com a Syrian American Medical Society (SAMS).
"Dois barris explosivos atingiram o hospital M10 e se fala do uso de uma bomba de fragmentação", afirmou Adham Sahloul, diretor da SAMS, uma ONG com sede nos Estados Unidos, que administra o local.
Ele informou que funcionários e pacientes estavam no edifício no momento do ataque.
O centro médico já havia sido bombardeado na quarta-feira, assim como outro hospital, o segundo maior da região, o que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou de "crimes de guerra".
Os dois hospitais ficaram inoperantes após os ataques de quarta-feira, o que deixou apenas seis centros médicos em funcionamento na zona leste da cidade, segundo a SAMS.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a Síria o país mais perigoso do mundo para trabalhadores da área médica.
Rebeldes perdem terreno
Durante toda a noite os combates e bombardeios não deram trégua nos bairros de Suleiman Al-Halabi, centro da cidade, e de Bustan Al-Basha, zona norte.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o regime ganhou terreno em Suleiman Al-Halabi, um bairro que fica na linha de demarcação, e está se aproximando da Bustan Al-Basha.
A ONG, com sede no Reino Unido e que tem uma ampla rede de fontes na Síria, informou que bombardeios foram registrados neste sábado contra áreas da parte rebelde de Aleppo, mas não divulgou um balanço de vítimas.
Os insurgentes também perderam terreno recentemente ao nordeste da cidade, o que permite às forças pró-regime ameaças os bairros rebeldes de Hellok e Haydariye.
Desde o início da ofensiva do exército contra Aleppo Oriental, em 22 de setembro, os bombardeios da Força Aérea russa, os barris de explosivos lançados pelos helicópteros do regime sírio e os disparos artilhariam mataram pelo menos 220 pessoas, segundo o OSDH.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) exigiu que Síria e Rússia acabem com o "banho de sangue".
As potências ocidentais acusam o regime sírio e a Rússia de utilizarem contra as zonas civis de Aleppo armas normalmente destinadas a alvos militares, como bombas antibunker, incendiárias e de fragmentação.
Moscou rebateu as acusações de "crimes de guerra" e ressaltou que vai prosseguir com a campanha militar de apoio ao regime de Bashar Al-Assad, iniciada há um ano.