Agência France-Presse
postado em 03/10/2016 11:42
Moscou, Rússia - O julgamento em Moscou dos supostos assassinos do ex-vice-primeiro-ministro russo e opositor Boris Nemtsov, cujo assassinato nas proximidades do Kremlin em 2015 provocou uma onda de indignação, começou efetivamente nesta segunda-feira (03/10) com uma primeira audiência pública. Em um tribunal de Moscou, onde se reuniram jornalistas, diplomatas e ativistas dos direitos humanos, os cinco suspeitos compareceram trancados em um recinto de vidro, como é o costume na Rússia, sob a vigilância de policiais armados.Uma primeira audiência preliminar a portas fechadas havia sido realizada em julho na corte militar regional de Moscou. A morte de Boris Nemtsov, em 27 de fevereiro de 2015, formava parte de um "plano cuidadosamente preparado", afirmou a procuradora Maria Semenenko durante a audiência. [SAIBAMAIS]"Ofereceram a eles 15 milhões de rublos (quase 240.000 dólares) pela morte de Nemtsov", disse, ressaltando que "tudo parece indicar que o assassinato foi lançado por um grupo organizado".
Para preparar este assassinato, compraram dois apartamentos, um carro e armas, declarou. Depois de afirmar ter as provas que demonstram a culpa dos cinco suspeitos, a procuradora descreveu os fatos que levaram à morte a tiros do político opositor. No entanto, "a investigação não estabeleceu os motivos do assassinato de Boris Nemtsov", acabou admitindo, acrescentando que o instigador do crime segue em paradeiro desconhecido.
Ruslan Mujudinov, um checheno identificado pelos investigadores em dezembro de 2015 como o organizador do assassinato, continua sendo procurado pela polícia russa. Os cinco supostos executores, presentes na sala - Zaur Dadayev, Anzor Gubashev, Shadid Gubashev, Temirlan Eskerkhanov e Khamzat Bakhayev -, todos provenientes das repúblicas russas muçulmanas da Chechênia e Ingushétia, foram identificados e detidos em março de 2015. Todos se declararam inocentes. Muitos parentes de Nemtsov acusaram as pessoas que cercam o autoritário dirigente checheno Ramzan Kadyrov, e inclusive ele mesmo, de ser os responsáveis por seu assassinato.