Agência France-Presse
postado em 03/10/2016 15:45
Washington, Estados Unidos - Fragilizado por uma sequência de tropeços, Donald Trump retomou nesta segunda-feira os ataque a sua adversária Hillary Clinton, que parece ter recuperado o impulso nas pesquisas a cinco semanas das eleições presidenciais americanas.
Em um ato realizado nesta segunda-feira com militares em Herndon, Virgínia, Trump disse que Hillary "deixou nossa nação em perigo" pela forma como lidou com as informações secretas enquanto era secretária de Estado.
O discurso de Trump se centrou nos riscos que o país enfrenta em termos de cibersegurança, os quais classificou como "enormes", e deu como exemplo a decisão de Hillary de usar um servidor privado de e-mails no porão de sua casa ainda como secretária.
Para Trump, "a única experiência que Hillary tem com cibersegurança inclui seu sistema criminoso, que violou a lei federal, montando uma enorme operação para encobrir isto e colocando nossa nação em perigo".
O candidato conservador disse que "o alcance de nossos problemas de cibersegurança é enorme. Nosso governo, nossos negócios, nossos segredos comerciais e a informação mais sensível de nossos cidadãos enfrentam ataques constantes por parte de nossos inimigos".
Lealdade questionada
Durante o fim de semana, Trump chegou a questionar a pneumonia que afetou Hillary no mês passado e até a lealdade com seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.
"Sequer penso ela seja leal a Bill, se querem saber a verdade. Pois realmente, por que ela seria?", disse durante um discurso na Pensilvânia.
A nova ofensiva de Trump acontece depois de uma semana extraordinariamente difícil para ele, que se viu envolvido em uma nova polêmica com uma ex-Miss Universo e uma enorme controvérsia por revelações sobre seu imposto de renda.
O jornal New York Times, no final de semana, reproduziu parte de uma declaração do imposto de renda de Trump de 1995, quando o magnata anunciou a perda de 916 milhões de dólares.
De acordo com especialistas, a análise desse documento sugere que Trump tenha usado artifícios legais para não pagar impostos durante cerca de 20 anos.
O caso tem todos os elementos para ser uma bomba-relógio na campanha de Trump, que se nega a divulgar suas últimas declarações de imposto de renda - uma tradição entre candidatos à Presidência - alegando que são objeto de uma auditoria.
Esse escândalo poderá se tornar o ponto central no próximo debate entre os dois candidatos, que ocorrerá no domingo (9).
O primeiro debate entre Hillary e Trump foi realizado na segunda-feira passada em uma universidade perto de Nova York. O que começou de forma civilizada logo se encaminhou para uma áspera troca de acusações e ironias.
Crescimento nas pesquisas
Nesse contexto, Hillary claramente passou a ter a iniciativa da campanha depois do debate e dos escândalos que mantiveram o comitê de campanha de Trump ocupado para tentar controlar os problemas.
Uma pesquisa da Politico and Morning Consult revelada nesta segunda-feira mostra que Hillary agora supera Trump por 42% a 36% nas intenções de voto, incluindo outros candidato minoritários, como o libertário Gary Johnson (9%) e a ambientalista Jill Stein (2%).
De acordo com esta pesquisa, quando considerados apenas os candidatos principais, a vantagem de Hillary sobre Trump é de 46% a 39%.
A sondagem, entretanto, volta a revelar o alto nível de rejeição contra os dois candidatos: 58% dos eleitores consultados tem uma imagem ruim de Trump, contra 54% que pensam o mesmo de Hillary.
Na sexta-feira, outra pesquisa divulgada pela Fox dava a Hillary uma vantagem de cinco pontos (49% a 44%), mesmo que a contagem diária do Los Angeles Times ainda coloque Trump à frente por 47% a 42%.
De acordo com a Politico and Morning Consult, o principal fator de avanço de Hillary está em um maior nível de aceitação entre os eleitores independentes e, em menor medida, entre os eleitores mais jovens.