Agência France-Presse
postado em 04/10/2016 09:44
Konduz, Afeganistão - As forças afegãs recuperaram com a ajuda da Otan a cidade de Kunduz, no norte do Afeganistão, brevemente tomada pela segunda vez em um ano pelos talibãs, o que reflete a instabilidade do país. A facilidade com a qual os insurgentes entraram nesta capital provincial - que já havia caído em suas mãos em setembro de 2015 - para controlá-la por algumas horas e fincar sua bandeira em pleno centro, provoca grandes críticas às autoridades.Isso ocorre enquanto começa em Bruxelas a conferência de doadores ao Afeganistão, que avaliará a ajuda financeira ao país até 2020, com o objetivo declarado de evitar que o país desmorone. [SAIBAMAIS]Segundo o chefe da polícia de Kunduz, contactado pela AFP, general Mohammad Qasim Jangalbagh, as operações de "limpeza" prosseguiam na manhã desta terça-feira para expulsar os últimos talibãs ainda escondidos em casas do centro.
As forças governamentais recuperaram a cidade na noite de segunda-feira, graças ao reforço de "uma centena de forças especiais", segundo o porta-voz do ministério do Interior. Os insurgentes, que haviam chegado de quatro fronts diferentes, conseguiram ocupar o centro da cidade durante 20 horas. "As forças aéreas afegãs e da Otan forneceram seu apoio às tropas em terra", acrescentou, citando forças da operação "Resolute Support" (RS).
"Um helicóptero americano atuou para proteger as forças aliadas", disse à AFP o porta-voz da RS, o general americano Charles Cleveland, que confirma que as tropas de seu país "mantêm uma sólida assistência na região para fornecer o apoio necessário". Segundo o ministério da Defesa, "30 talibãs e três soldados afegãos morreram" durante a operação. Os talibãs exigem a saída das forças estrangeiras e o fim de qualquer intervenção ocidental no "emirado islâmico do Afeganistão", que comparam a uma "ocupação colonial".
- "Cansados e aterrorizados" -
Com esta operação, os talibãs marcam, assim, o primeiro aniversário de sua breve tomada de Kunduz, única capital provincial que caiu em seu poder desde que o regime talibã foi deposto, em 2001. Esta nova ofensiva talibã, bem coordenada, ilustra a persistente insegurança no Afeganistão. Os habitantes "estão cansados e aterrorizados", segundo um membro do conselho provincial interrogado pela AFP, Amruddin Wali.
"Há forças suficientes na capital, mas o problema é a falta de coordenação. Tudo isso ocorre pela negligência das autoridades", afirma. As tropas governamentais foram acusadas de fugir do inimigo durante o último verão, o que foi classificado de falso pelo porta-voz do ministério da Defesa, general Dalat Waziri.
Enquanto isso, Kunduz seguia traumatizada nesta terça-feira. "Lojas fechadas, ruas desertas, sobrevoo de helicóptero", relatou o correspondente da AFP. "Os ônibus da estação de ônibus, situada nos arredores, estão estacionados na cidade e as famílias tentam embarcar neles para chegar a Cabul", acrescenta.