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Passados 40 anos da ditadura, irmãos se encontram na Argentina

Teste de DNA permitiu o reencontro entre Ramiro Menna, um professor de 42 anos, e seu irmão, dois anos mais novo, que segundo a imprensa seria um médico de Buenos Aires

Agência France-Presse
postado em 04/10/2016 20:59

Um tinha dois anos quando sequestraram seus pais na ditadura argentina, o outro estava prestes a nascer. Um foi resgatado e o outro, roubado. Um procurava seu irmão, o outro não sabia de sua origem. Depois de 40 anos, um teste de DNA permitiu o reencontro.

Essa é a história do neto 121, que acaba de ser encontrado pela organização Avós da Praça de Maio. Aos 40 anos, soube na segunda-feira (3/10) que é filho de desaparecidos.

"Ele nunca suspeitou. Nós tínhamos uma indicação e alguém da Conadi (Comissão Nacional pelo Direito à Identidade) se aproximou dele. E ele disse ;não tenho dúvidas, mas se vocês acham melhor assim (fazer o teste), eu faço;", contou a presidente das Avós, Estela de Carlotto.

Seus avós já faleceram, mas esse homem que descobre sua verdadeira identidade tem um irmão, Ramiro Menna Lanzilotto, que o procurava há décadas sem saber sequer se havia sobrevivido.

"Esse é um momento muito esperado pela família, mas por outro lado uma surpresa tremenda. Há situações que se pensa que esse momento nunca vai chegar, mas no final chega. Estamos muito comovidos e mobilizados", disse Menna, nesta terça-feira (4/10), à rádio Vorterix.

Ramiro Menna, um professor de 42 anos, e seu irmão, dois anos mais novo, que segundo a imprensa seria um médico de Buenos Aires, ainda não se viram diretamente.

"Ainda não o vi, nem falei com ele. Não sei o que fazer porque o que ele está vivendo é muito ruim. Ele soube às sete da noite (de segunda-feira) que não era quem pensava que fosse. É muito difícil e tenho que respeitar o processo que ele está vivendo e que não é nada fácil", afirmou o irmão mais velho.

Ambos são filhos de Domingo Menna, um dirigente do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT, marxistas), e de Ana María Lanzilotto, uma militante do PRT. O casal foi sequestrado em 19 de julho de 1976, em Villa Martelli.

Graças aos testemunhos de sobreviventes foi possível descobrir que Lanzilotto, que estava grávida de oito meses, teve o bebê em uma maternidade clandestina.

Ramiro, que quando os pais foram sequestrados ficou desaparecido por três semanas, foi encontrado pelos tios em um orfanato de Buenos Aires. Eles o criaram e na adolescência contaram sua história.

De seu irmão sabe pouco. "Sei que tem dois filhos e que é calvo com barba, como eu", disse este homem.

"Conhecer a vida de Domingo Menna e Ana Lanzilotto para mim foi motivo de orgulho, exemplo. Meu peito encheu de orgulho e espero que meu irmão sinta o mesmo", concluiu.

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