Agência France-Presse
postado em 05/10/2016 07:44
Haia, Holanda - A Corte Internacional de Justiça (CIJ) se declarou nesta quarta-feira (05/10) incompetente na denúncia das Ilhas Marshall contra Índia e Paquistão, acusados por este arquipélago de não terem abandonado a "corrida" pela bomba atômica. Nesta quarta-feira, a CIJ, que tem sede em Haia, deve decidir também sobre a denúncia apresentada contra o Reino Unido.Os 16 juízes da CIJ votaram de maneira dividida: nove se pronunciaram a favor de declarar a corte incompetente e sete pensavam o contrário. As Ilhas Marshall, arquipélago de 55 mil habitantes apresentou demandas contra Índia, Paquistão e Grã-Bretanha. O país acusou estes países de não terem abandonado a corrida pelas armas nucleares.
Inicialmente, o objetivo das Ilhas Marshall era ainda mais ambicioso, pois a demanda incluía China, França, Coreia do Norte, Rússia, Estados Unidos e Israel, apesar deste país nunca ter confirmado possuir armamento atômico. Mas o processo só pode seguir adiante se os países objeto da ação reconhecem a autoridade da CIJ na questão.
[SAIBAMAIS]As Ilhas Marshall têm uma dolorosa relação com as armas atômicas. O arquipélago é um dos poucos países que podem falar com conhecimento de causa de seu impacto. Entre 1946 e 1958, o governo dos Estados Unidos testou 67 armas nucleares de diferentes potências nos atóis de Bikini e Enewetak, quando as Ilhas Marshall estavam sob administração americana.
A bomba de hidrogênio Castle Bravo, testada em 1954, é considerada mil vezes mais potente que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima em 1945. Muitos moradores foram retirados de suas terras e milhares de pessoas se viram expostas aos efeitos radioativos. "Várias ilhas foram destruídas ou se tornaram inabitáveis por milhares de anos", afirmou em Haia o ex-chanceler Tony deBrum.
DeBrum iniciou o processo na CIJ em 2014, com a ajuda da Nuclear Age Peace Foundation, associação com sede na Califórnia. Por este motivo teve o nome apresentado como um candidato ao prêmio Nobel da Paz de 2016. Mas alguns moradores das ilhas consideravam o processo desnecessário por não ter relação com as verdadeiras reivindicações das vítimas: indenizações maiores, um sistema de saúde melhor e a limpeza dos locais afetados para que voltem a ser habitáveis.