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Premiê britânica encerra congresso conservador entre acusações de xenofobia

May afirmou que o Brexit foi uma "revolução", um voto a favor "não só de mudar a relação com a UE, como também de pedir uma transformação no modo como este país funciona, e das pessoas que se beneficiam dele. Para sempre"

Agência France-Presse
postado em 05/10/2016 14:55

Birmingham, Reino Unido
- A primeira-ministra britânica, Theresa May, encerrou nesta quarta-feira o primeiro congresso do partido Conservador após o Brexit, cujas propostas anti-imigração provocaram diversas reações no Reino Unido.

Em seu discurso de encerramento no congresso de Birmingham, May disse que queria garantir às empresas "uma máxima liberdade de comércio e de funcionamento no mercado único" europeu, mas que o país não votou a favor de sair da União Europeia para "abandonar de novo o controle da imigração".

May afirmou que o Brexit foi uma "revolução", um voto a favor "não só de mudar a relação com a UE, como também de pedir uma transformação no modo como este país funciona, e das pessoas que se beneficiam dele. Para sempre".


Todos os líderes europeus e a Comissão Europeia reiteraram em inúmeras ocasiões que não haverá uma exceção com o Reino Unido para lidar com ambas as situações e que o mercado único é a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas.

Corbyn: conservadores estão indo "ainda mais baixo"

Com a libra caindo na cotação em relação ao que era há três décadas pela ameaça de uma ruptura traumática com a UE, May também apresentou um programa para ocupar "o centro" político, mas que ficou escondido pelo Brexit e pelas propostas para reduzir a chegada de imigrantes.

Seus ministros propuseram que as empresas britânicas publiquem o número de estrangeiros que empregam - como método de dissuasão -, limitem o número de estudantes estrangeiros, endureçam as condições para receber um visto, ou substituam os médicos e enfermeiras estrangeiros por britânicos.

Afirmaram que os europeus que vivem no Reino Unido não devem assumir que poderão ficar no país, pois isso dependerá da reciprocidade que conseguirem com a União Europeia.

O líder da oposição, o trabalhista Jemery Corbyn, acusou os dirigentes conservadores de "irem ainda mais baixo ao atiçar as chamas da xenofobia e o ódio em nossas comunidades, e acusar os estrangeiros por nossos próprios erros".

O diretor interino das Câmaras de Comércio britânicas, Adam Marshall, considerou também que todas essas medidas "seriam ruins para a economia, criação de empregos e investimento empresarial".

Tomando o espaço do UKIP


Na véspera do encerramento do congresso conservador, foi divulgada a notícia da demissão de Diana James, líder do Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP), após 18 dias de sua eleição em substituição a Nigel Farage.

Durante anos, esse partido advogou em prol da saída da UE e da redução da imigração, algo relembrado por Farage nesta quarta-feira.

O que May disse no congresso "é justamente o que eu falava há três ou quatro anos e todos riam de mim por isso", assegurou Farage, que negou sua volta à liderança do partido que o demitiu após sua vitória pessoal no plebiscito sobre a UE em 23 de junho.

"Acredito que Theresa May esteja fazendo um bom trabalho colocando suas peças no terreno do UKIP", considerou Matthew Goodwin, professor da Universidade de Kent e especialista no partido de Farage, à rádio BBC.

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