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Alemanha anuncia detenção de sírio suspeito de preparar atentado

O homem de 22 anos estava no apartamento de um sírio que havia abordado na estação de trens de Leipzig e ao qual havia solicitado abrigo

O chefe do governo local, Stanislaw Tillich, qualificou o comportamento de "corajoso" e de "responsável". Nesta segunda-feira, a chanceler Angela Merkel ligou para o sírio que denunciou o foragido à Polícia para cumprimentá-lo.

Leipzig fica perto de Chemnitz (260 km ao sul de Berlim), onde morava Albakr. Lá, a Polícia havia encontrado explosivos altamente perigosos.

"Tudo indica que o suspeito tinha a intenção de cometer um atentado islamita", afirmou a Promotoria.

O alvo poderia ser um aeroporto, ou uma plataforma de transporte, especula a imprensa alemã.

Jaber Albakr estava em contato com o grupo extremista Estado Islâmico (EI) pela Internet, noticiou o jornal alemão Süddeutsche Zeitung.

A detenção aconteceu à 1h desta segunda-feira (20h de domingo, horário de Brasília), após uma gigantesca operação de busca de 48 horas.

Tudo começou na sexta-feira, quando o Serviço de Inteligência interna da Alemanha solicitou à Polícia de Chemnitz a detenção de Albakr por conta do risco iminente de atentado.

A Polícia tentou realizar a detenção na manhã de sábado, mas o suspeito já havia escapado.

O explosivo preferido do EI

Na casa do suspeito, a Polícia alemã encontrou 500 gramas de TATP (peróxido de acetona), a substância explosiva preferida dos extremistas do EI.

O TATP foi utilizado pelos homens-bomba dos atentados de 13 de novembro de 2015, em Paris (130 mortos), e de 22 de março, em Bruxelas (32 mortos).

A pessoa de nacionalidade síria que tem o nome no contrato de aluguel do apartamento de Chemnitz também foi indiciada por cumplicidade na preparação de um atentado e foi detida.

No domingo, as forças especiais da Polícia anunciaram a detenção de outro suspeito, que está sendo interrogado.

Albakr obteve o status de refugiado em junho de 2015, depois de entrar ilegalmente na Alemanha em fevereiro, vários meses antes da chegada maciça de refugiados, no outono.

Este caso de grande repercussão reativou o debate sobre o controle dos refugiados na Alemanha e a política de abertura iniciada pela chanceler Angela Merkel em 2015.

No ano passado, a Alemanha acolheu 890.000 refugiados, um número recorde.

"Os Serviços Secretos devem acessar os dados" sobre os refugiados, coisa que não acontece atualmente, declarou Michael Kretschmer, vice-presidente do grupo parlamentar da União Democrática Cristã (CDU), o partido de Merkel.

"Os Serviços de Inteligência estrangeiros e domésticos devem estar mais envolvidos nos interrogatórios e nas verificações dos imigrantes", disse um responsável da União Social Cristã (CSU), o braço bávaro da CDU.

Em julho, a Alemanha sofreu dois atentados cometidos por refugiados, cuja autoria foi reivindicada pelo Estado Islâmico.

Os atentados preocuparam parte da opinião pública alemã a respeito dos solicitantes de asilo, situação que provocou várias derrotas eleitorais do partido de Merkel.