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Para eleitores mais entusiasmados, 'Trump conteve hemorragia'

Depois de o magnata ser muito criticado por suas degradantes declarações sobre as mulheres, membros da Associação de Republicanos de Santa Monica respiravam um pouco mais aliviados no domingo à noite

Agência France-Presse
postado em 10/10/2016 23:19
"Trump venceu. Conteve a hemorragia". Em Santa Monica, na Califórnia, um grupo de seguidores do candidato republicano à Presidência, Donald Trump, alegra-se por ter visto o ídolo passar para a ofensiva no segundo debate com a democrata Hillary Clinton.

Depois de um fim de semana durante o qual o magnata foi muito criticado por suas degradantes declarações sobre as mulheres, em vídeo gravado em 2005, os membros da Associação de Republicanos de Santa Monica respiravam um pouco mais aliviados no domingo à noite.

"Virou rapidamente a página dessa gravação e apareceu como muito presidencial", garante Linda Grossman, de 60 anos, nesse município californiano contíguo a Los Angeles.

Muito melhor
Para Kari Czer, de 65, Trump foi muito melhor do que no primeiro debate televisionado entre os dois candidatos, em 26 de setembro, quando "acusou os golpes".

"Desta vez, entendeu que Hillary morde na jugular", comentou.

Instaladas em três fileiras de cadeiras diante de um grande televisor de tela plana, cerca de 20 mulheres - acompanhadas de alguns poucos homens - assistiram à transmissão do debate.

Aplaudiram e lançaram sonoros "sim" depois de algumas intervenções de seu candidato, também vaiando sua rival, gritando "mentira", ou ainda "cala a boca".


Nessa localidade de maioria democrata, assim como todo o estado da Califórnia, as "trumpistas" admitem que não há muitas pessoas que pensam como elas por ali.

Depois de se recusarem a votar em Trump, como fizeram várias figuras do Partido Republicano, classificaram a recuperação da gravação de 2005 de "tentativa de distração" e de "hipocrisia".

Líder forte, mas não marido ideal

"Para mim, tratou apenas de desenterrar coisas de anos. Não votamos no marido ideal, mas em um líder forte", considera Christina Lachimia, de 63, que trabalha no setor imobiliário.

"É para mostrar a hipocrisia de tudo isso" que Trump levou para o debate mulheres que acusam o ex-presidente Bill Clinton de assédio sexual, acredita.

Donna Block, de 60, acredita que "a atitude de ;bad boy; de Trump" esteja "amplamente disseminada na nossa sociedade", afirmando que é muito "hipócrita que todos se mostrem tão surpresos".

"Não acho que se trate tanto de um problema quanto fingir que não vê o que acontece no Oriente Médio, ou firmar acordos comerciais que não beneficiam os Estados Unidos", continuou.

O eleito

Essas mulheres também rejeitaram as críticas à retórica antimuçulmana e anti-imigrantes de Trump, insistindo em que muitos imigrantes que entram no país não são refugiados legítimos, e sim extremistas violentos.

"Não são refugiados. Você sabe que eles não vêm da Síria. Muçulmanos... Por que vêm para os EUA, ou para a Europa? Por que não vão para a Arábia Saudita?" - questionou Rohini de Silva, uma cristã nascida no Sri Lanka.

Rohini escreveu um livro, no qual afirma que o presidente Obama é muçulmano e que o Islã "é uma ideologia política, militar e religiosa que quer conquistar os Estados Unidos depois de conquistar a Europa".

Kari Czer reconhece: "não concordo em tudo com ele e acho que, em particular, deveria mostrar mais temor a Deus". Ainda assim, essa cristã evangélica tem certeza de uma coisa: "Trump vai vencer, porque foi escolhido por Deus para salvar os Estados Unidos".

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