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Cidade síria de Aleppo volta a sofrer violentos bombardeios russos

Os bairros rebeldes de Bustan al-Qasr e Ferdus foram particularmente afetados por estes ataques, segundo a fonte

Agência France-Presse
postado em 11/10/2016 16:36

Alepo, Síria - Ao menos vinte e cinco civis morreram nesta terça-feira (11/10) nos bombardeios russos "mais violentos" dos últimos cinco dias contra a parte rebelde da cidade síria de Aleppo (norte), enquanto crianças em idade escolar faleceram em um ataque rebelde no sul.

"Estes são os ataques aéreos russos mais violentos desde que o regime anunciou (em 5 de outubro) que reduziria os bombardeios na parte oriental de Aleppo", disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ao informar sobre estes ataques que ocorreram após um fim de semana de relativa calma.

Os bairros rebeldes de Bustan al-Qasr e Ferdus foram particularmente afetados por estes ataques, segundo a fonte.

Em resposta aos bombardeios, os rebeldes dispararam mísseis contra Hamdaniyé, bairro de Aleppo sob controle governamental, deixando quatro mortos.


O último fim de semana foi relativamente tranquilo na região, enquanto no campo diplomático persiste o bloqueio nas negociações.

O correspondente da AFP na parte rebelde da segunda cidade da Síria - e ex-capital econômica - viu em Bustan al Qasr um edifício completamente destruído, com cadáveres entre os escombros, alguns destroçados.

Também viu alguns Capacetes Brancos - socorristas voluntários da Defesa civil local na zona rebelde - removendo os escombros com suas mãos. Outros transportavam os corpos sem vida de duas crianças, envolvidos em mortalhas brancas.

Obuses de morteiro foram disparados na terça-feira perto da célebre mesquita dos Omeias, um dos mais prestigiosos locais da capital síria, deixando feridos entre a população, indicou a agência oficial Sana, sem dar maiores detalhes.

Um correspondente da AFP em Damasco confirmou imediatamente que intensos disparos de morteiro tinham atingido vários bairros da capital.

Desde o início, no dia 22 de setembro, de uma ofensiva de envergadura do exército em Aleppo, as forças pró-governamentais - com o apoio aéreo de seu aliado russo - avançam tentando retomar os bairros do leste da cidade, sob o controle dos rebeldes desde 2012.

Na cidade de Deraa, no sul do país, sob controle governamental, cinco crianças morreram em uma escola primária depois que um míssil caiu sobre o edifício, segundo os meios de comunicação oficiais e o OSDH, que também informou sobre 25 feridos.

O balanço pode aumentar, segundo o Observatório, já que alguns feridos estão em estado crítico.

Putin cancela viagem a Paris


Os grupos rebeldes controlam a maior parte da província meridional de Deraa, mas não a capital da região, considerada o berço da revolução que explodiu em 2011, nas mãos do governo.

As manifestações pacíficas que exigiam reformas democráticas ao regime de Bashar al-Assad rapidamente levaram a uma guerra civil destruidora, cada vez mais complexa, com o aumento dos grupos extremistas e o envolvimento de muitos atores regionais e internacionais.

Há um ano a Rússia lançou uma campanha militar de grande porte para socorrer o regime de Damasco, que estava em dificuldades diante dos rebeldes e dos extremistas. Desde então, o exército reconquistou muitos territórios perdidos.

Mas para Damasco a reconquista de Aleppo continua sendo o principal objetivo, já que lhe permitiria obter uma vitória simbólica e estratégica ante a rebelião.

Exemplo do bloqueio diplomático internacional, o presidente russo, Vladimir Putin, decidiu nesta terça-feira cancelar sua visita prevista para 19 de outubro a Paris, por ocasião da inauguração de um centro espiritual ortodoxo, após as acusações de crimes de guerra em Aleppo feitas pela França.

A visita de Putin despertava muito incômodo no governo de François Hollande, que na semana passada fracassou em sua tentativa de negociar um cessar-fogo para Aleppo. Seu projeto de resolução ante o Conselho de Segurança foi vetado pela Rússia.

No Reino Unido, o ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, declarou que "realmente gostaria de ver manifestações ante a embaixada russa" em Londres para protestar contra o papel de Moscou na Síria.

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