Haia, Holanda - A procuradora-chefe do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, declarou nesta quinta-feira que está "profundamente preocupada" com as milhares de supostas execuções extrajudiciais nas Filipinas e advertiu que os responsáveis poderiam ser julgados.
[SAIBAMAIS]"Estou profundamente preocupada com esses supostos assassinatos e o fato de altos responsáveis das (...) Filipinas aparentemente aprovarem esses assassinatos", disse Fatou Bensouda em declaração em Haia. Esses altos responsáveis "parecem estimular as forças estatais e os civis para que persigam esses indivíduos com força letal".
O presidente Rodrigo Duterte lançou em julho passado uma brutal campanha contra traficantes de drogas e dependentes químicos levando mais de 3.300 pessoas à morte, tanto em operações da polícia como em circunstâncias suspeitas, segundo dados oficiais. As Nações Unidas, a União Europeia, os Estados Unidos e organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram o clima de extrema violência.
"Serei clara: qualquer pessoa nas Filipinas que incite ou se lance nesses atos de violência maciça, incluindo ordenar ou estimular crimes dentro da jurisdição da CPI, pode ser julgado pela Corte", explicou. Duterte rejeita todas as pressões internacionais e assegura que a campanha é um assunto interno de seu país.
O presidente filipino, que muitas vezes usa um linguajar chulo, não hesitou em chamar o presidente americano Barack Obama de "filho da puta" quando este criticou a violência indiscriminada. O governo das Filipinas convidou na quarta-feira a enviada especial da ONU para execuções extrajudiciais, Agnes Callamard, para visitar o país e investigar os crimes.