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Conferência internacional sobre a Síria começa entre tensão e ceticismo

Países ocidentais acusam Rússia de "crimes de guerra"

Agência France-Presse
postado em 15/10/2016 14:21
Estados Unidos, Rússia e os países regionais envolvidos na Síria iniciaram neste sábado (15/10) na Suíça uma conferência internacional sobre o conflito sem muitas esperanças de deter o banho de sangue.

O secretário de Estado americano John Kerry e seu colega russo Serguei Lavrov se reuniram um pouco antes da abertura da reunião, na primeira vez que se encontram desde que teve início a devastadora campanha aérea do regime sírio e da Rússia contra os rebeldes na cidade de Aleppo.

O ambiente diplomático é tenso, já que os países ocidentais acusam Moscou de "crimes de guerra". Os bairros do leste de Aleppo, norte da Síria, controlados pelos rebeldes, continuam sob uma chuva de fogo, principalmente Hanano, al Maysar e Inzarat, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Isso acontece desde 22 de setembro.

Segundo os especialistas, existem condições para que as forças do regime do presidente sírio Bashar al Assad se apoderem da cidade, o que poderá ser uma virada na guerra iniciada em 2011. A reuniã de Lausanne não busca um resultado imediato e sim visa a examinar distintas ideias para por fim às hostilidades, segundo uma fonte americana. Segundo ele, não se deve esperar nenhum grande anúncio.

No encontro estão presentes Turquia, Arábia Saudita e Catar, que apoiam a rebelião, e o Irã, que apóia Assad, além do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, e representantes do Egito, Iraque e Jordânia. Os países europeus, principalmente França e Reino Unido, muito críticos em relação a Moscou, não foram convidados. Assim como a oposição síria.

No domingo, Kerry participará de outra reunião, dessa vez em Londres, com grupos "afins" as negociações diplomáticas, entre eles os europeus.

Aleppo a qualquer preço


Que se pode esperar destas negociações? "É possível que as duas grandes potências pressionem seus respectivos aliados regionais para tentar alcançar um cessar-fogo", comenta Karim Bitar, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS).

"Os russos estão tentando maximizar sua vantagem antes da chegada do sucessor de Barack Obama, provavelmente Hillary Clinton, que atuará sem dúvida com maior firmeza", acrescentou. "A violência dos bombardeios demonstra que a Rússia está decidida a tomar Aleppo a qualquer preço", analisa, por sua parte, Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Desde o começo da ofensiva contra a parte da cidade em poder dos rebeldes, onde vivem cerca de 260.000 habitantes, morreram mais de 370 pessoas, em sua imensa maioria civis, segundo o OSDH. Entre as vítimas, há mais de 130 crianças, segundo a ONG Save the Children. Segunda várias fontes envolvidas, neste sábado será examinado um plano de Staffan de Mistura que consiste em fazer sair de Aleppo os combatentes do Fatah al Sham (o braço sírio da Al-Qaeda antes conhecido como Frente Al Nosra) garantindo a eles segurança.

Por sua parte, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou que combatentes da oposição síria apoiados pela Turquia progrediam para a cidade de Dabiq, situada entre Aleppo e a fronteira turca, para tomá-la dos extremistas do Estado Islâmico (EI).

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