Agência France-Presse
postado em 16/10/2016 12:39
Rebeldes sírios apoiados pela Turquia aplicaram neste domingo (16/10) um duro golpe ao grupo Estado Islâmico (EI), ao reconquistarem uma cidade perto da fronteira turca, Dabiq, que tem grande valor simbólico para os jihadistas.Este revés do EI acontece enquanto americanos e europeus se reúnem em Londres em uma nova tentativa de deter o banho de sangue na Síria, Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), os extremistas jihadistas do EI se retiraram com a chegada dos rebeldes, que também capturaram Soran, uma localidade vizinha.
Um dos grupos rebeldes, a União Fastaqim, confirmou que Dabiq caiu após violentos combates com o Daesh, o acrônimo em árabe do EI. O grupo publicou no Twitter fotos de combatentes sentados com suas armas na parte traseira de uma caminhonete, na que parece ser a localidade de Dabiq.
A agência oficial turca Anadolu explicou que os rebeldes sírios estavam desativando bombas deixadas pelo EI. Segundo a Anadolu, nove rebeldes morreram e outros 28 ficaram feridos nos combates. Esta derrota tem um alcance simbólico para os jihadistas, pois, segundo uma das profecias do Islã, o exército dos muçulmanos seria dizimado, mas acabaria triunfando na cidade síria de Daqib.
EI perde territórios
O território controlado pelo EI segue diminuindo. Seu "califado", que se estendia por 90.800 km; no começo de 2015, abrange, hoje, 68.300 km; em Iraque e Síria, segundo a empresa americana IHS. De acordo com a Anadolu, desde o começo das operações, em agosto, os rebeldes apoiados pela Turquia tomaram o controle de 1.130 km;. As áreas recuperadas estavam nas mãos de curdos ou do EI.
Mas sangue continuava sendo derramado na Síria. Um dia depois de negociações sem resultado com a Rússia na Suíça, o secretário de Estado americano, John Kerry, reúne-se na tarde deste domingo, na capital britânica, com os chanceleres britânico, Boris Johnson, e francês, Jean-Marc Ayrault.
Alemanha e Itália, que integram o Grupo Internacional de Apoio à Síria (ISSG, sigla em inglês), também participam das reuniões, mas a presença de seus ministros titulares não foi confirmada. Os países europeus foram os grandes ausentes na reunião de ontem na Suíça. Autoridades americanas acreditam que o grupo ISSG é muito importante para tomar decisões rápidas.
A reunião na Suíça não permitiu elaborar um plano para restabelecer a trégua violada em setembro. Foi o primeiro encontro entre Kerry e o russo Serguei Lavrov desde o começo da ofensiva russo-síria, há três semanas, contra os bairros controlados por rebeldes no leste de Aleppo, norte daquele país. Estes bairros sofreram novos bombardeios aéreos neste domingo.
;Zona de não-bombardeio;
Na reunião de Londres, Johnson irá propor, segundo o "Sunday Times", que cita fontes ligadas ao ministro, a criação de "zonas de não bombardeio" em Aleppo. Johnson quer convencer os colegas ocidentais a pressionar ainda mais o regime sírio e seu aliado, Rússia.
O regime de Damasco e a Rússia afirmam que bombardeiam Aleppo para eliminar terroristas. Moscou propôs esta semana que os rebeldes deixassem aquela cidade, garantindo a sua segurança. Já a ONU apresentou um plano para que saíssem os combatentes do Fatah al-Sham, ex-Frente al-Nosra, braço sírio da Al-Qaeda.
Mas tanto a oposição quanto seus apoios temem que, sob o pretexto de retirar os combatentes, o regime e a Rússia busquem apenas uma rendição completa de Aleppo.