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Revelações do WikiLeaks, outra sombra sobre a campanha de Hillary

Textos divulgados pelo WikiLeaks incluem fragmentos de várias conferências e a transcrição completa de três palestras no Goldman Sachs

Desde 7 de outubro, a plataforma WikiLeaks divulgou milhares de e-mails obtidos de uma conta de Gmail que seriam do chefe de campanha de Hillary Clinton, John Podesta.

Com isso, a equipe da democrata se viu em uma difícil situação de não confirmar, nem negar, a autenticidade das mensagens e - ao mesmo tempo - acusar a Rússia de estar por trás do ataque para tentar perturbar a eleição de 8 de novembro em favor do republicano Donald Trump.

As mensagens de Podesta não contêm - por enquanto - revelações explosivas, mas voltaram a deixar Hillary na defensiva e é altamente provável que a questão seja usada no terceiro e último debate presidencial, nesta quarta-feira à noite (19), em Las Vegas.

Conferências em Wall Street

As revelações mais delicadas são das transcrições de conferências privadas oferecidas pela ex-secretária de Estado a bancos de investimento e a outras instituições financeiras entre 2013 e 2015, a um custo de centenas de milhares de dólares.

Hillary se nega, terminantemente, a divulgar as transcrições. Na reta final das prévias de seu partido disputadas com o senador Bernie Sanders, essa decisão levantou acusações de que ela seria uma candidata muito próxima de Wall Street.

Os textos divulgados pelo WikiLeaks incluem fragmentos de várias conferências e a transcrição completa de três palestras no Goldman Sachs.

Nessas conversas, Hillary Clinton mostrou pragmatismo e propôs um entendimento - uma posição muito menos rígida do que a que defende nos debates sobre Wall Street.

Em outra conferência, para um grupo de especulação imobiliária em abril de 2013, a ex-secretária disse que "política é como fazer salsichas" e que é "necessário ter uma posição pública e uma privada".

Livre-comércio

Em outubro do ano passado, Hillary Clinton se opôs à Aliança Transpacífico (TPP), um gigantesco acordo de livre-comércio negociado pelo presidente Barack Obama com 11 países.

As mensagens internas revelam, porém, o dilema de uma candidata que já defendeu o polêmico acordo.

Dan Schwerin, que escreve os discursos de Hillary, mencionou que "é, na realidade, um equilíbrio muito difícil de conseguir, porque não queremos gerar piadas ao nos opormos com muita veemência a um acordo que ela já defendeu, nem exagerar o quão ruim é o acordo, já que tem seus méritos".

De acordo com a transcrição de uma conferência ao Banco Itaú, a democrata disse, em 2013, que seu "sonho era um mercado comum hemisférico, com comércio aberto e fronteiras abertas", uma visão que causou surpresa na ala mais protecionista do Partido Democrata.

Na campanha, praticamente todos os candidatos questionam que a abertura desses acordos termina por motivar a sangria de postos de trabalho para outros países.

Chelsea

Os e-mails também revelam choques entre a filha do casal Clinton, Chelsea, e Doug Band, um veterano assistente de seu pai, o ex-presidente Bill Clinton, sobre as operações em um braço da Fundação Clinton.

Chelsea enviou vários e-mails a Podesta, alegando um comportamento inadequado de Band - membro do diretório da Iniciativa Global Clinton - pelos laços entre essa organização e Teneo, a consultoria de Band.

Em uma mensagem de novembro de 2013, Band chamou Chelsea de "garotinha arrogante que não tem nada para fazer além de criar problemas".

Lobistas

Em abril de 2015, a equipe de Hillary teve de tomar uma decisão sobre se deviam aceitar doações de campanha de lobistas que representam países estrangeiros.

Nas discussões, ficou claro que podiam ter problemas ao aceitar dinheiro de lobistas representando Iraque, Azerbaijão, Egito, Líbia e Emirados Árabes Unidos.

Depois de muitas discussões, avanços e recuos, Robby Mook, um dos responsáveis pela campanha, disse que deveriam aceitar as doações e "administrar os ataques".

Já a chefe de Comunicações da campanha, Jennifer Palmieri, limitou-se a escrever: "Peguem o dinheiro".