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Oposição define estratégia após suspensão de referendo contra Maduro

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou na noite de quinta-feira (20/10) que decidiu adiar até novo aviso a coleta de quatro milhões de assinaturas que a oposição precisava reunir, de 26 a 28 de outubro



A MUD estava certa de que superaria com folga o mínimo de 20% de assinaturas do padrão eleitoral, diante da impopularidade de Maduro pela grave crise, refletida em uma aguda escassez e uma inflação que o FMI calcula em 475% neste ano.

Segundo a empresa Datanálisis, 76,5% dos venezuelanos reprovam a gestão do presidente socialista e 62,3% votariam por revogá-lo. "A oposição é maioria eleitoral, todas as pesquisas indicam isso. A MUD poderá converter esta maioria em pressão das ruas?", se perguntou Eugenio Martínez, especialista em assuntos eleitorais.

Morreu ao nascer

Os estados onde os tribunais penais deixaram sem efeito o processo são Aragua, Apure, Bolívar e Carabobo. O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, incluiu Monagas, embora o CNE não o tenha mencionado. Luis Emilio Rondón, único dos cinco reitores do CNE próximo à oposição, disse não compartilhar a decisão porque "medidas cautelares penais não devem penalizar a expressão da soberania popular".

O constitucionalista José Ignacio Hernández disse à AFP que a decisão do CNE é "totalmente" contrária à Carta Magna, já que "um tribunal penal não pode anular um processo comicial". Há meses, o governo apresentou 8.600 ações contra o recolhimento de 1% das firmas, acrescentando que a MUD incluiu assinaturas de falecidos, menores de idade e condenados.

"Foi uma tentativa de ativação (de referendo) que morreu ao nascer. Não foi o presidente que a matou, não foram os chavistas, os que armaram a fraude a mataram", disse o líder Jorge Rodríguez.