A coalizão da presidente Michelle Bachelet amargou uma pesada derrota, no pleito municipal de domingo (23/10), no Chile. Além de deflagrar uma crise no governo, o revés abre espaço para a retomada ao Palácio de La Moneda do ex-presidente de direito Sebastian Piñera, após as eleições gerais do próximo ano. Ao contrário de todas as projeções, a direito obteve as eleições com 38,45% dos votos ; contra 37,05% ; e tirou da centro-esquerda municípios-chave, como Santiago do Chile, Providencia e Maipu. Enquanto a oposição elegeu 23 prefeitos, a Nova Maioria, aliança de partidos da situação, perdeu 27.
O influente jornal El Mercurio qualificou de ;terremoto eleitoral; os resultados de domingo, que registraram recorde de abstenção de 65%. Por sua vez, Eugenio Toni, analista político vinculado ao governo, preferiu utilizar o termo ;tsunami;. Em meio a escândalos de financiamento irregular de campanhas políticas, a própria direita nem imaginou a magnitude da vitória conquistada. ;Fomos tão criticados que não sabíamos como nos sairíamos;, reconheceu Hernán Larraín, presidente da ultraconservadora União Democrata Independente (UDI), que obteve a maior votação nas municipais, ao levar quase 80 prefeituras.
Devolução
Com o resultado, o panorama eleitoral para a aliança opositora não podia ser mais auspicioso, com vistas às eleições gerais de novembro de 2017. ;A probabilidade de que Michelle Bachelet entregue novamente a faixa presidencial ao campo adversário ; e não seria estranho ao próprio Sebastián Piñera ; se acrescenta dia a dia;, avaliou Tironi, em uma coluna de opinião no jornal El Mercurio. Desta forma, Bachelet poderia devolver a faixa presidencial em março de 2018, repassada a ela pelo próprio Piñera, quatro anos atrás.O tropeço da coalizão governista tem explicação nas próprias ações da presidente, segundo especialistas. Bachelet prometeu profundas reformas sociais ; como a da educação e a trabalhista ;, reivindicadas há anos pelos chilenos. No momento de executá-las, porém, ela pareceu cometer mais erros do que acertos. ;Esta eleição foi um castigo para Bachelet e isto significou uma vitória para a direita. Talvez a direita não tenha tido muito mérito em vencer, mas neste turno, o único que se precisava era estar na oposição a Bachelet;, explicou Patricio Navia, cientista político da Universidade Diego Portales, à agência France-Presse.