Calais, França - As autoridades francesas se prepararam nesta terça-feira (25/10) para demolir o acampamento de migrantes de Calais, de onde mais de 2.300 migrantes que viviam em condições sub-humanas foram transferidos na véspera a centros de acolhida espalhados por todo o território. Entre 6 mil e 8 mil homens, mulheres e crianças, principalmente afegãos, sudaneses e eritreus, viviam até segunda-feira neste assentamento informal, onde esperavam uma oportunidade para cruzar ao Reino Unido, do outro lado do Canal da Mancha.
No total, 1.918 adultos foram retirados na segunda-feira do acampamento, comumente chamado de "Selva" de Calais, e transferidos a centros de acolhida e orientação em 11 regiões da França, indicou [SAIBAMAIS]o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. As operações de evacuação prosseguiam nesta terça-feira. Além disso, 400 menores foram "orientados a um centro de acolhida temporário", localizado no acampamento, à espera de que sua situação seja determinada.
Um total de 1.300 menores desacompanhados vivem neste acampamento, em condições extremas, 500 dos quais dizem ter parentes no Reino Unido. Cazeneuve afirmou na segunda-feira que o Reino Unido receberá "todos os menores desacompanhados" presentes em Calais que tenham familiares neste país e estudará os casos dos menores sem vínculos familiares, "mas cujo maior interesse seria ir a este país".
Quase 200 menores da "Selva" foram acolhidos no Reino Unido desde o início de outubro, entre eles 60 meninas que corriam o risco de "exploração sexual", indicou sua colega, Amber Rudd. Londres injetará até 40 milhões de euros (44 milhões de dólares) para reforçar seus controles na fronteira com Calais e para garantir que o acampamento permanecerá fechado, acrescentou a funcionária.
- Acolhida polêmica -
As equipes de demolição começarão a derrubar nesta terça-feira as centenas de barracas e tendas nas quais os migrantes viviam em condições sanitárias lamentáveis. Situada em um terreno baldio perto do porto de Calais, a "Selva" de Calais, um assentamento de quatro quilômetros quadrados, se converteu no símbolo da incapacidade da Europa para resolver a pior crise de migração desde a Segunda Guerra Mundial.
Mais de um milhão de pessoas que fogem da guerra e da pobreza na África e no Oriente Médio chegaram à Europa em 2015, semeando divisões entre os 28 países da União Europeia (UE) e alimentando a ascensão dos partidos de extrema-direita. Aqueles que sonham em chegar ao Reino Unido, onde acreditam que terão maiores chances de encontrar um trabalho que na França, convergiram à cidade portuária de Calais, o ponto mais próximo à costa inglesa, durante mais de uma década.
O desmantelamento deste acampamento de migrantes, um dos maiores da Europa, foi anunciado pelo presidente socialista François Hollande em setembro, a seis meses das eleições presidenciais, nas quais a imigração se posicionou como um dos temas principais.