Agência France-Presse
postado em 27/10/2016 09:29
Istambul, Turquia - As operações militares da Turquia no norte da Síria se estenderão à cidade de Raqa, reduto do Estado Islâmico (EI), declarou nesta quinta-feira o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. "Agora avançamos a Al Bab", disse Erdogan em referência a uma cidade do norte da Síria controlada pelo EI. "Depois iremos a Minbej (controlada pelos curdos sírios) e Raqa", acrescentou Erdogan em um discurso transmitido pela televisão.Raqa, "capital" do Estado Islâmico na Síria, é um alvo da coalizão anti-extremista dirigida pelos Estados Unidos, que anunciaram que é o objetivo seguinte depois da tomada de Mossul, no Iraque. Um dos obstáculos para uma ofensiva contra Raqa é a participação ou não das milícias curdas [SAIBAMAIS]apoiadas pelos Estados Unidos no combate ao Estado Islâmico. A Turquia considera que as Unidades de Proteção Popular (YPG), as forças armadas curdas, são "terroristas", assim como o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), força curda que opera na Síria.
Erdogan disse que na véspera, em uma conversa telefônica, discutiu o assunto com o presidente americano, Barack Obama, reiterando a ele sua oposição à participação das YPG na ofensiva contra Raqa. "Não precisamos de grupos terroristas como o PYD (Partido da União Democrática, braço político dos curdos sírios) ou das YPG", disse Erdogan. "Venham, vamos expulsar juntos o Daesh (acrônimo em árabe do Estado Islâmico) de Raqa. Podemos fazer isso juntos, temos a capacidade", insistiu Erdogan referindo-se aos Estados Unidos.
A Turquia lançou no mês passado uma operação terrestre sem precedentes no norte da Síria, enviando taques e militares para apoiar as forças rebeldes sírias, que expulsaram o Estado Islâmico de dezenas de localidades. Erdogan deu a entender que a Turquia também pode intervir na região de Sinjar, no norte do Iraque, para evitar uma implantação do PKK.
"Sinjar está se convertendo em um novo Qandil", disse Erdogan, referindo-se a uma zona montanhosa do norte do Iraque que serve de retaguarda para o PKK. "Não permitiremos isso", afirmou o presidente turco. Várias centenas de militares turcos estão posicionados em uma base em Bashiqa, região de Mossul, uma presença que o Iraque rejeita e classifica de "força de ocupação".