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Rússia nega bombardeio sobre escola síria que matou 22 crianças

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 22 crianças e seis professores morreram nessa ofensiva aérea


Beirute, Líbano - A Rússia negou nesta quinta-feira (27) ter bombardeado uma escola na Síria, em que 22 crianças morreram, em um contexto de crescentes tensões com os países ocidentais e de novas sanções europeias contra seu aliado sírio.

A porta-voz do Ministério russo de Relações Exteriores, Maria Zakharova, garantiu que a Rússia não tem "nada a ver" com os bombardeios aéreos contra uma escola da província de Idlib, em poder dos rebeldes.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 22 crianças e seis professores morreram nessa ofensiva aérea.

Alguns veículos de comunicação árabes e ocidentais "acusaram a Rússia em seguida a essa tragédia [...] É uma mentira", denunciou Zakharova em coletiva de imprensa.

Desde 30 de setembro de 2015, a Força Aérea russa intervém na Síria em apoio ao presidente sírio, Bashar Al-Assad, contra formações rebeldes.


Embora Moscou garanta que esteja bombardeando apenas "alvos terroristas", a Rússia tem sido acusada em várias ocasiões de apontar suas armas contra os rebeldes moderados e de cometer "crimes de guerra".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, reagiu ao anúncio e se disse consternado com o ataque, exigindo uma "investigação imediata", afirmou seu porta-voz nesta quinta-feira.

"Se foi deliberado, esse ataque pode constituir um crime de guerra", disse Ban, citado por seu porta-voz.

"Quem é responsável? Em qualquer caso, não é a oposição, porque, para bombardear, são necessários aviões. São os sírios - o regime de Bashar al-Assad - ou os russos", declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, em uma coletiva de imprensa em Paris.

"Aqui, só há civis, não há nenhuma sede militar de grupos rebeldes", assegurou à AFP uma testemunha da tragédia na escola, Hufez, um morador de 35 anos que participou das operações de resgate na localidade de Hass.

A província de Idlib é um bastião de Jaish al-Fatah ("Exército de Conquista"), uma coalizão de rebeldes islamitas e radicais do Fateh al-Sham, ex-Frente Al-Nusra, que cortou os laços com a Al-Qaeda.

"É uma tragédia, um escândalo e, se esse ataque foi deliberado, é um crime de guerra", afirmou o diretor-geral do Unicef, Anthony Lake, em um comunicado.

Novas sanções


As crianças continuam sendo as vítimas dessa guerra, que deixou mais de 300.000 mortos e milhões de deslocados desde que começou, em março de 2011.

Ao menos seis menores foram mortos e 15 ficaram feridos pelos disparos de foguetes dos rebeldes contra dois bairros controlados pelo governo em Aleppo, segunda cidade do país, no norte, informou a imprensa estatal síria. Uma salva de foguetes atingiu a escola.

No mesmo dia, na cidade rebelde de Duma, perto de Damasco, pelo menos oito pessoas - entre elas uma criança - morreram em bombardeios do regime, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Hoje, a União Europeia (UE) decidiu sancionar dez responsáveis de alto escalão do governo, acusados de participar da "repressão violenta exercida contra a população civil".

Com esses, chega a 217 o número de autoridades sírias submetidas a uma "proibição de entrar no território da UE e a um congelamento de seus bens".

A essas sanções "individuais" se somam fortes medidas de represálias econômicas.

Nesta sexta, os ministros das Relações Exteriores dos países aliados do governo de Damasco - Rússia e Irã - se reunirão em Moscou.

Na quinta-feira, Bashar Al-Assad se mostrou inflexível.

"O Estado sírio continuará combatendo os terroristas e com sua política de reconciliação", declarou Al-Assad, ao receber os governadores provinciais, segundo a agência oficial de notícias Sana.

No terreno, de acordo com o OSDH, as forças do governo recuperaram quase metade dos 40 povoados nas colinas do norte da província central de Hama. No final de agosto, essas localidades caíram nas mãos de uma coalizão liderada pelos radicais do Fateh al-Sham.