Agência France-Presse
postado em 28/10/2016 20:46
A Assembleia Geral das Nações Unidas rejeitou nesta sexta-feira a candidatura da Rússia ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, barrando a reeleição de Moscou para o órgão, em uma votação que reflete a desaprovação internacional da ação dos russos na guerra síria.
Para o lugar da Rússia, a Assembleia Geral escolheu Hungria e Croácia como representantes da Europa oriental neste Conselho, acabando com uma presença que remontava a 2006.
A Rússia obteve 112 votos, enquanto a Croácia recebeu 114 e a Hungria, 144. Os três países competiam por duas vagas regionais.
"Felizmente, Croácia e Hungria - por seu tamanho - não estão expostas aos ventos da diplomacia internacional. A Rússia está muito exposta", disse o embaixador russo junto à ONU, Vitaly Churkin, ao ser consultado sobre o resultado.
Os 193 estados-membros votaram para eleger os ocupantes de 14 das 47 cadeiras do Conselho, cujo trabalho é monitorar e investigar as violações dos direitos humanos em todo o mundo.
"Advertência a Moscou"
Ao menos 80 organizações de direitos humanos e de ajuda humanitária pediram à Assembleia Geral que não votasse na Rússia devido ao seu apoio ao presidente Bashar al Assad na guerra síria.
A Rússia é acusada pelas potências ocidentais e grupos de direitos humanos de bombardear indiscriminadamente durante sua ofensiva - ao lado das tropas sírias - contra grupos rebeldes no leste de Aleppo.
"Claramente é uma advertência para Moscou", disse John Fisher, diretor em Genebra da Human Rights Watch.
Trata-se da segunda vez que um membro permanente do Conselho de Segurança é retirado do Conselho de Direitos Humanos da ONU, após os Estados Unidos, em 2001.
A HRW havia advertido que o retorno da Rússia e também da Arábia Saudita debilitaria o Conselho em seu trabalho de responsabilizar os países que desrespeitam suas orientações.
Mas a Arábia Saudita, reeleita com 152 votos, tinha garantido seu assento como parte de um grupo de quatro candidatos disputando as quatro vagas regionais.
China, também criticada por abusos dos direitos humanos, foi reeleita, do mesmo modo que Cuba e Egito.
"A eleição da Arábia Saudita como juiz internacional sobre direitos humanos é como uma cidade nomear um incendiário para chefe dos bombeiros", declarou o diretor-executivo da UN Watch, Hillel Neuer.
Criado em 2006, o Conselho de Direitos Humanos monitora as violações e criou uma inovadora comissão de investigação, que examina os supostos crimes de guerra cometidos pela Coreia do Norte.
Na semana passada, o Conselho pediu à comissão que investigue a situação em Aleppo.