Agência France-Presse
postado em 31/10/2016 21:37
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner compareceu nesta segunda-feira (31/10) ante um juiz para prestar depoimento sobre a concessão de obras públicas durante seu governo (2007-2015), em um caso que ela considera uma perseguição política.
A ex-presidente é a primeira de uma lista de 17 pessoas convocadas a prestar depoimento pelo juiz federal Julián Ercolini, que investiga se o governo dela favoreceu a concessão de obras públicas a Lázaro Báez, um empresário ligado aos Kirchner detido sob a acusação de enriquecimento ilícito.
Kirchner afirma que o caso é uma perseguição política e pediu uma auditoria das obras públicas.
"Isto é um disparate. É uma manobra do atual governo para encobrir o desastre econômico", disse Kirchner ao sair do tribunal, em torno do qual se reuniram mais de 5 mil seguidores para apoiar a ex-presidente.
Em entrevista coletiva, Kirchner revelou que pediu por escrito que se arquive o processo, um dos muitos que responde desde que abandonou o governo, em dezembro passado.
Os advogados informaram que Kirchner não respondeu a qualquer das perguntas formuladas pelo juiz Ercolini.
Mais cedo, nas redes sociais, Kirchner pediu "que se investigue a fundo e sem arbitrariedades nem cálculos políticos se existiu corrupção nas obras públicas durante os 12 anos e meio de nosso governo".
Segundo a acusação dos promotores, tanto a ex-presidente como o ex-ministro do Planejamento Federal Julio De Vido integravam, ao lado de outros ex-funcionários, uma "organização criminosa" para favorecer Báez, que devolvia os supostos favores por meio do aluguel de quartos nos hotéis da família Kirchner em Santa Cruz (sul).
Como Lula
Kirchner afirma que o processo é uma "perseguição política" do governo de Maurício Macri.
"É um absurdo maiúsculo pretender que uma associação ilícita se forme em um poder executivo resultante de eleições livres", declarou a ex-presidente.
"Isto é uma manobra formidável de perseguição política e assédio mediático pouco original. Vimos isto também no Brasil, com o ex-presidente Lula".
Macri reagiu declarando que o processo visa a que "nunca mais as obras (públicas) sejam sinônimo de corrupção".
"Queremos saber o que aconteceu. Todos querem que não haja mais impunidade", disse o presidente em um ato em Buenos Aires.