Agência France-Presse
postado em 01/11/2016 18:07
Washington, Estados Unidos - Eles são muito menos famosos do que Hillary Clinton e Donald Trump, mas igualmente persistentes: na campanha presidencial dos Estados Unidos, Gary Johnson, Libertário, Jill Stein, candidata do Partido Verde, e Evan McMullin, candidato mórmon que entrou tardiamente na corrida, conseguiram obter um pequeno lugar no centro das atenções.
Gary Johnson
Consumidor assumido de maconha e pouco conhecedor dos assuntos internacionais, o libertário Gary Johnson, de 63 anos, é conhecido como o candidato do "minuto Aleppo".
No final de agosto, o ex-governador do Novo México (1995-2003) dispunha de 9% das intenções de voto, pontuação honrosa para um partido marginal, graças à impopularidade histórica de Hillary Clinton e Donald Trump. Milhares de jovens, em particular, pareciam olhar para ele.
Em 8 de setembro, ele foi entrevistado na televisão sobre a crise na cidade síria de Aleppo.
"O que é Aleppo?", perguntou ao jornalista incrédulo, que respondeu: "Você está brincando?". Gary Johnson tentou voltar atrás, mas o estrago estava feito.
Em 28 de setembro, em uma nova entrevista, o diplomado em Ciência Política foi incapaz de nomear qualquer líder estrangeiro. Depois de ficar um minuto sem voz, ele brincou: "Eu acho que é meu minuto Aleppo".
O voto útil fez o resto. Atualmente, tem 5,2% das intenções de voto, de acordo com a média calculada pelo site RealClearPolitics.
Gary Johnson, que era republicano quando governador, é a favor da redução da intervenção do Estado, da redução dos impostos, de uma restrição da intervenção militar no exterior e da aposentadoria aos 72 anos.
Em questões sociais, é mais progressista.
Em 2012, concorreu à Casa Branca, recebendo 1,3 milhão de votos, a maior pontuação na história para um libertário.
Jill Stein
Ambientalista de 66 anos, Jill Stein também sonha com se aproveitar da impopularidade dos dois principais candidatos.
Depois de uma campanha inaudível, a candidata do Partido Verde tem sido incapaz, porém, de encarnar uma terceira via.
No final de junho, essa médica ativista do meio ambiente reunia cerca de 5% das intenções de voto. Após a nomeação de Hillary Clinton pelo Partido Democrata, os militantes à esquerda do partido e alguns fãs incondicionais de Bernie Sanders se uniram às suas fileiras.
Sem projeto claro e em uma campanha presidencial que tem ignorado amplamente o meio ambiente e as alterações climáticas, ela rapidamente afundou para 2% das intenções de voto.
Essa também é sua segunda candidatura à Casa Branca. Em 2012, já sob a bandeira verde, terminou com 0,5% dos votos.
O golpe final talvez tenha vindo do presidente Barack Obama, que lembrou, recentemente, que o voto "para um terceiro candidato que não tem chance de ganhar equivaleria a votar em Trump".
Evan McMullin
Ex-agente da CIA, ex-banqueiro e mórmon, Evan McMullin, de 40 anos, conseguiu perturbar o duelo Trump-Hillary em Utah, prometendo uma alternativa aos dois candidatos à Casa Branca.
"Nunca é tarde demais para fazer o que é certo, e a América merece muito mais do que o que Donald Trump, ou Hillary Clinton, têm a oferecer", lançou McMullin, ao anunciar sua candidatura como independente em agosto, a partir de Salt Lake City, capital de Utah, no oeste do país.
"Nossa campanha não será convencional", acrescentou.
Em Utah, mais de 60% da população se identifica como mórmon.
Os mórmons geralmente votam no partido republicano, exceto nessa eleição, que viu um de seus membros mais ilustres, Mitt Romney, ex-candidato à presidência em 2012, criticar o republicano Donald Trump nos mais duros termos.
O ex-republicano Evan McMullin conseguiu perturbar a corrida em poucas semanas. Carregando a bandeira do movimento "Tudo Menos Trump", é apoiado pela organização Better for America, que defende os candidatos rivais de Trump e Hillary.
Ele está empatado com Hillary Clinton (25,2%), mas atrás de Donald Trump (31%) de acordo com a média das pesquisas recentes.
Se vencer em Utah, que vota nos republicanos desde 1968, será o primeiro candidato independente a ganhar um estado desde o segregacionista George Wallace, em 1968.