Agência France-Presse
postado em 01/11/2016 20:08
A rainha Elizabeth II da Inglaterra saudou nesta terça-feira a "coragem e a perseverança" do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, durante um banquete oferecido no Palácio de Buckingham.
"Apesar de ter enfrentado contratempos recentemente, alcançar o ápice de um acordo de paz histórico, contrariamente às expectativas de muitos, é um testemunho de sua coragem e perseverança", disse a rainha em um discurso para seu convidado.
Elizabeth II citou a escritora Laura Restrepo - "Guerra ou indiferença, não se sabe qual dos dois é mais difícil de lidar" - e ofereceu a Santos o apoio britânico "para uma paz estável e duradoura", citando como exemplo o processo de paz na Irlanda do Norte, que Santos visitará na quinta-feira.
Após o brinde, Santos agradeceu o apoio britânico ao processo de paz com as Farc, que é renegociado após a derrota no referendo realizado em 2 de outubro passado.
O jantar contou com 170 convidados, incluindo a primeira-ministra britânica, Theresa May, seus principais ministros, embaixadores e personalidades como Ingrid Betancourt, candidata presidencial colombiana sequestrada pelas FARC em 2008, e o tenista escocês Jamie Murray, irmão de Andy, que é casado com uma colombiana.
Horas antes, ao discursar no Parlamento, Santos lamentou a campanha de desinformação promovida pelos detratores de seu acordo com a guerrilha e garantiu que "a paz prevalecerá na Colômbia".
"Tomando emprestadas essas palavras corajosas do rei George VI quando a Grã-Bretanha enfrentava um de seus maiores desafios: prevaleceremos", disse Santos, citando um discurso do pai da atual rainha Elizabeth II, na véspera da Segunda Guerra Mundial.
O discurso no salão da Câmara dos Lordes foi presenciado pelo ex-primeiro-ministro britânico John Major, e pelo líder da Irlanda do Norte David Trimble, premiado com o Nobel da Paz, assim como Santos, pelo processo de paz na província britânica.
"Sei que é difícil compreender que a metade dos eleitores do meu país não tenha apoiado um acordo para deter uma guerra que já deixou 250 mil mortos e cerca de 8 milhões de deslocados", disse Santos, que atribuiu a derrota do plano de paz no referendo de 2 de outubro ao "medo e ao ressentimento" e à "desinformação e aos mitos que, às vezes, se espalham em tais campanhas".