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Hillary mantém vantagem sutil sobre Trump, mas dúvidas persistem

A cinco dias das eleições, o jornal The New York Times e a emissora CBS divulgaram nesta quinta-feira uma pesquisa que atribui a Hillary 45% das intenções de voto contra 42% para o candidato republicano

Agência France-Presse
postado em 03/11/2016 19:24
Novas pesquisas de opinião publicadas nos Estados Unidos mantêm Hillary Clinton à frente de Donald Trump na disputa pela Casa Branca, tranquilizando os mercados mundiais que sofreram quedas depois que o republicano conseguiu reduzir a vantagem da democrata.

A cinco dias das eleições, o jornal The New York Times e a emissora CBS divulgaram nesta quinta-feira (3/11) uma pesquisa que atribui a Hillary 45% das intenções de voto contra 42% para o candidato republicano, uma brecha equivalente à margem de erro. Dois aspirantes de partidos menores somam juntos 9% das intenções de voto.

A pesquisa anterior, divulgada em meados de outubro, dava à ex-secretária de Estado americana de 69 anos uma vantagem de 9 pontos sobre o bilionário de 70.

Apesar de a distância entre os dois candidatos ter diminuído, há sinais positivos para Hillary, que quer se tornar a primeira mulher a chegar à Casa Branca: os modelos de previsão do The New York Times e do site FiveThirtyEight preveem uma vitória democrata com 86% e 67% dos votos, respectivamente.
Tranquilizados com as novas pesquisas que dão, ainda que com uma margem limitada, a dianteira a Hillary, os mercados europeus e asiáticos se estabilizavam após sofrerem uma queda na quarta-feira.

Em 2012 na mesma época, Barack Obama, que buscava a reeleição, e Mitt Romney estavam cabeça a cabeça nas pesquisas, mas o presidente acabou vencendo por uma margem confortável de 4 pontos.

Nas últimas semanas, a corrida sofreu o impacto de eventos surpreendentes e os ventos eleitorais mudaram de direção mais de uma vez.

Hillary beneficiou-se de uma recuperação no começo de outubro, após a difusão de um vídeo no qual Trump falava pejorativamente sobre as mulheres e quando uma série de mulheres o acusou de assédio sexual, o republicano despencou nas pesquisas.

Mas depois que o FBI anunciou a retomada das investigações sobre o uso pela democrata de um servidor privado quando era secretária de Estado (2009-2013), Trump, que estava em desvantagem, tomou impulso e aproveitou a oportunidade para mudar o teor de sua candidatura.

O progresso pela janela

No entanto, os eleitores não parecem dar muita atenção ao venenoso festival de acusações e ataques verbais: 92% dizem já ter decidido em quem votar e 62% afirmam que as revelações dos últimos dias não mudarão seu voto.

Clinton fará campanha nesta quinta-feira na Carolina do Norte, com um comício na capital, Raleigh, ao lado de seu ex-adversário nas primárias democratas, o senador socialista Bernie Sanders.

Mais cedo, porém, outro forte aliado, o presidente Barack Obama, lançava uma ofensiva contra Trump em Miami, repetindo sua alegação de que o magnata está "excepcionalmente desqualificado para ser presidente".

"Todo o progresso que conseguimos irá pela janela se não vencermos esta eleição", destacou o presidente, que considera Hillary sua herdeira e guardiã de seu legado.

Obama evocou os fracassos empresariais de Trump, sua reticência em divulgar sua declaração de impostos, a defesa que faz da tortura e o tratamento desrespeitoso com as mulheres.

"Quem você é não muda quando está no Salão Oval. Tudo o que faz é aumentá-lo", afirmou.

Obama seguirá para Jacksonville, na Flórida, poucas horas depois de um aguardado discurso de Trump na mesma cidade.

Este estado do sudeste americano, com uma população heterogênea de latinos, aposentados e brancos conservadores, é chave nas presidenciais.

Melania em ação

Após a ressurreição do escândalo dos e-mails de Hillary, Trump manteve a disciplina - controlando seu uso do Twitter e falando com o apoio de teleprompters -, reduzindo a distância nas pesquisas.

"Foque no ponto, Donald, foque no ponto", disse a si mesmo em um comício em Pensacola, Flórida, nesta quarta-feira, que terminou com uma queima de fogos de artifício.

Hillary Clinton, que conta com o apoio inestimável de Obama e Sanders, não deixará nada fora de controle até o último minuto.

Na segunda-feira, véspera das eleições, ela encerrará sua campanha ao lado de Obama e da primeira-dama, Michelle, assim como de seu marido e ex-presidente, Bill Clinton.

A demonstração de força política estará carregada de simbolismo, pois ocorrerá na Filadélfia, cidade onde foi assinada a Declaração de Independência e a Constituição americana.

O empresário nova-iorquino de personalidade explosiva, ao contrário, não tem aliados de peso.

Nesta quinta-feira, no entanto, sua esposa, Melania, fez sua primeira aparição solo de toda a campanha.

Falando em Berwyn, Pensilvânia, a ex-modelo eslovena, que poderá se tornar a primeira primeira-dama americana nascida no exterior em dois séculos, fez um discurso concebido para melhorar a péssima relação de Trump com o voto feminino.

Vestindo camisa rosa e saia branca, a terceira esposa do candidato republicano, de 46 anos, mãe de tempo integral do filho caçula do empresário, Barron, enalteceu o lado positivo do marido.

Apresentando-se como uma mulher independente, Melania afirmou que o marido respeita "as mulheres e lhes (dá) as mesmas oportunidades" que aos homens.

"Ele dará um presidente fantástico", reforçou Melania em Berwyn, localidade nos arredores da Filadélfia, onde Trump despencou nas pesquisas de opinião após os escândalos com o vídeo e as acusações de agressão sexual.

Ela assegurou que seu marido, com quem ela leva uma vida de opulência para além dos sonhos da maioria dos americanos, se candidatou para melhorar a vida de sofridos trabalhadores e de pais atribulados.

"Toda vez que meu marido toma conhecimento que uma fábrica fechou em Ohio, na Carolina do Norte ou aqui na Pensilvânia, eu o vejo muito aborrecido", disse ela, mencionando três ;swing states; vitais nas eleições de 8 de novembro.

"Ele certamente sabe como sacudir as coisas, não é?" - disse em uma declaração que seus oponentes podem considerar alusão à sua campanha incendiária em que insultou mulheres, mexicanos, muçulmanos e pessoas com deficiência.

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