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Na reta final, Trump e Hillary focam nos indecisos da Flórida

Campanhas dos candidatos às Eleições dos Estados Unidos focam em estados que ainda tem indecisos

postado em 04/11/2016 09:23
Barack Obama fala para um público de maioria jovem, em Miami, e pede votos para Hillary em nome de preservar

Hillary Clinton escalou o seu cabo eleitoral número 1, o presidente Barack Obama. Donald Trump foi em pessoa ao corpo a corpo com os eleitores. Por umas poucas horas, os dois não cruzaram os caminhos em Jacksonville, centro universitário e maior eleitorado da Flórida: é na conquista dos 29 delegados que esse estado envia para o Colégio Eleitoral que os candidatos à Casa Branca investem as energias, na reta final para a eleição presidencial da próxima terça-feira. Com as pesquisas estaduais mostrando empate, e as nacionais oscilando entre a democrata e o republicano, sem margem segura para uma previsão, ambas as equipes de campanha jogam pesado ; sobretudo, no ataque feroz ao adversário.

Depois de ter atravessado outubro com vantagem próxima a 10 pontos, a democrata viu a disputa novamente embolada uma semana atrás, quando o FBI (polícia federal) anunciou a reabertura de investigações sobre e-mails trocados por ela em servidor pessoal quando chefiava o Departamento de Estado. Ontem, uma pesquisa do jornal The New York Times mostrou Hillary na dianteira, por três pontos (45% a 42%), mas no início da semana era Trump quem aparecia à frente no tracking Washington Post-ABC (46% a 45%).

;Todo o progresso que alcançamos irá pela janela se não vencermos esta eleição;, discursou Obama para uma multidão reunida em Miami, amparado na elevada aprovação (54%) com que termina os oito anos no comando do país. Com a agenda dos próximos dias dedicada quase exclusivamente ao esforço para fazer a sucessora, o presidente disparou a artilharia, uma vez mais, contra o adversário da oposição republicana. Repetiu o bordão que vem martelando nas últimas semanas, de que Trump é ;excepcionalmente desqualificado para ser presidente;.

Se na véspera o presidente enalteceu o preparo, a firmeza e a tenacidade da candidata democrata, ontem, em Miami, preferiu motivar um eleitorado com forte presença hispânica a rejeitar o republicano. Elencou uma fileira de insucessos empresariais do magnata, mencionou sua relutância em divulgar declarações de renda, a defesa da tortura e o tratamento desrespeitoso que dispensa às mulheres. E projetou para o público a perspectiva de ter o controverso bilionário no gabinete presidencial: ;O Salão Oval não muda a pessoa que você é. O que ele faz é amplificar tudo;.

Foi semelhante a abordagem da própria candidata em sua investida pelo Arizona, estado onde o último democrata a vencer uma eleição presidencial foi justamente seu marido, Bill Clinton, há exatamente 20 anos. Nesta campanha, as pesquisas voltaram a indicar a chance de uma quebra na hegemonia republicana, e Hillary pintou para o público de 15 mil pessoas, em Tempe, um retrato sombrio do que poderia ser o país com seu adversário no poder. ;Imaginem que é 20 de janeiro de 2017 e Donald Trump está de pé em frente ao Capitólio;, começou, atraindo uma salva de vaias. ;Imaginem que ele presta juramento e, em seguida, vai para o Salão Oval tomar as decisões que afetarão a vidas e o futuro de vocês.;

Melania Trump na Pensilvânia: discurso para os trabalhadores

Voto a voto

Enquanto Hillary percorria ontem a Carolina do Norte, outro dos estados decisivos para a disputa, Trump fazia turnê pela Flórida. Antes de se dirigir a Jacksonville, que também receberia Obama, o candidato republicano desfilou autoconfiança em Pensacola. Dirigindo-se retoricamente a si mesmo, invocou um espírito de serenidade que lhe faltou em momentos críticos da campanha ; como os três debates ao vivo com a adversária. ;Fique no foco, Donald, mantenha-se no foco. Sem desvios, Donald. Calmo e tranquilo;, discursou.

A estrela da campanha republicana, porém, foi a mulher do magnata, Melania, ex-modelo nascida na Eslovênia ; que, com a vitória do marido, será a primeira estrangeira a se tornar primeira-dama em mais de um século. Escalada para subir ao palanque sozinha e comandar um comício, ela se endereçou às preocupações do público-alvo preferencial do marido: brancos da classe trabalhadora, atingidos pela crise econômica e pela decadência da indústria, em estados como o da Pensilvânia, onde ela discursou.

;Toda vez que meu marido toma conhecimento de que uma fábrica fechou em Ohio, na Carolina do Norte ou aqui na Pensilvânia, fica muito aborrecido;, disse Melania, mencionando outros dois estados vitais para a conquista da maioria no Colégio Eleitoral. ;Ele, certamente, sabe como sacudir as coisas, não é?;

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