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Em Miami, latinos temem eleição de Donald Trump

postado em 04/11/2016 09:34
Fila para o voto antecipado: imigração no centro das escolhas

Miami ; Para os turistas brasileiros, a Flórida é sinônimo de compras e praias, mas em ano de eleição presidencial o Sunshine State é sinônimo de campo de batalha. A quatro dias da votação que definirá o sucessor de Barack Obama na Casa Branca, um dos estados cruciais para a vitória segue como palco de uma disputa apertada. Em meio ao corpo a corpo de Hillary Clinton e Donald Trump com os eleitores, com o pano de fundo de um empate técnico nas pesquisas, a comunidade latina de Miami, a segunda cidade mais populosa do estado, demonstra aversão à idéia de ver o polêmico empresário no comando do executivo americano.

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As diferentes sondagens eleitorais oscilam entre vantagens apertadas para um ou outro presidenciável, mas a média calculada das pesquisas na Flórida mostrava ontem o republicano com 47% das intenções de voto, e a governista com 45%. Para Luis Soche, portorriquenho que vive em Miami há 23 anos, a vitória de Trump é uma expectativa decepcionante. ;Ele discrimina os negros e os latinos. Isso me preocupa muito;, explica. ;Ele pode até ser muito inteligente, mas não está capacitado para ser presidente.;

Diante da postura agressiva do bilionário para com as minorias, Soche releva todas as críticas e erros cometidos por Hillary no passado. Ele registrou o voto antecipadamente, como já tinham feito mais de 27 milhões de eleitores, até ontem. Mas a decisão sobre participar da votação é ainda uma dúvida para alguns.

O brasileiro Albert Warwick, que possui dupla cidadania e está apto a votar, ainda não sabe se vai comparecer. ;Recebi a papelada para votar a distância, mas é muito burocrático. Se passar um carro levando para fazer o registro e votar, talvez eu vote;, diz. Apesar da dúvida, Warwick considera que um governo de Hillary seria melhor para os EUA e para o mundo. ;Bill Clinton foi um senhor estadista e, com certeza, dará conselhos a Hillary;, justifica. ;Trump é um aproveitador e um sonegador.;

O uruguaio Sebastian Salgado, que está no país há 16 anos, prefere não participar do que define como ;um show;. ;Não vejo Trump fazendo campanha para ganhar. Acho que é uma estratégia para que os democratas vençam;, diz. Salgado não foi cativado pela campanha de Hillary e observa que ela está há mais de 20 anos nos altos círculos políticos de Washington. ;Não há democracia. Rand Paul e Bernie Sanders são o tipo de pessoa que os americanos querem, mas o sistema não lhes permite concorrer.;

Em contraste com a desilusão do uruguaio, Wilfredo Bonia, imigrante de Honduras que mora há 20 anos nos EUA, mas ainda não tem os documentos necessários para ser apto a votar, deseja a vitória de Hillary, com a esperança de se ver realizada a reforma do sistema de imigração. ;Acho que ela trabalhará para isso. Graças a Bill Clinton, tenho papéis para trabalhar aqui.;

A repórter viajou a convite do Departamento de Estado norte-americano

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