Todas as armas valem neste fim de semana, tanto para Hillary Clinton como para Donald Trump, no esforço final para arrastar os eleitores ao voto antecipado e sair em vantagem à linha de chegada na corrida pela Casa Branca ; a eleição da próxima terça-feira. A democrata terá na Flórida, um dos estados onde o pleito pode ser decidido, a participação do presidente Barack Obama, que terá como alvo dois segmentos do eleitorado ainda refratários à candidata: negros e jovens. O adversário republicano, Donald Trump, segue na maratona pelos campos de batalha que definirão a maioria no Colégio Eleitoral que sacramenta o nome do chefe de Estado.
A sexta-feira começou com mais uma pesquisa indicando vantagem de três pontos percentuais para Hillary: ela apareceu no tracking do jornal The Washington Post e da tevê ABC com 47% as intenções de voto nacionais, contra 44% de Trump. A diferença é a mesma captada na véspera pela sondagem do New York Times e da tevê CBS (45% a 42%), mas fica dentro da margem de erro. O que torna o desfecho ainda mais imprevisível é o crescimento consistente do republicano em praticamente todos os estados onde a disputa segue indefinida. Refletindo essa tendência, a estimativa de probabilidades de vitória atualizada diariamente pelo NY Times apontava ontem, no fim da tarde, 84% a favor de Hillary, que havia terminado a semana anterior com 93%.
Empurrado pela reabertura de investigação do FBI (polícia federal) sobre e-mails trocados pela rival quando era secretária de Estado, Trump subiu ao palanque em New Hampshire ; onde assumiu a liderança nas pesquisas ; com a habitual agressividade. ;Como Hillary pode gerenciar o país, se não consegue gerenciar nem mesmo o correio eletrônico?;, questionou. A quatro dias da votação, o magnata tinha ainda previstos comícios em Ohio e na Pensilvânia, outros dos estados onde precisa de uma virada para ter chance de conquistar a Casa Branca.
A ex-secretária de Estado, menos vibrante no palanque, investiu na companhia de celebridades e no carisma do marido. O ex-presidente Bill Clinton dividiu o palco com DJs e roqueiros em Las Vegas, Nevada, onde um show pediu votos para a democrata. Hillary programou para o fim do dia uma aparição em Ohio ao lado da rainha do pop Beyoncé e do marido, o rapper Jay Z, cabos eleitorais de Obama nas duas últimas eleições.
Fator Obama
Por trás da batalha pelo voto antecipado, as equipes de campanha travavam uma disputa paralela em torno da questão que só terá resposta na noite de 8 de novembro: quem está em vantagem? Estatísticas baseadas no perfil demográfico das diferentes seções eleitorais indicam movimento mais intenso entre eleitores hispânicos em Arizona e em Nevada, um estado com apenas seis delegados ao Colégio Eleitoral, mas vital para as pretensões de Trump. O comparecimento dos latinos é visto como sinal favorável aos democratas, mas é compensado por tendência semelhante em Iowa e Ohio ; no caso, benéfica para os republicanos.
Na disputada Flórida, de acordo com o site Politico, a marcha do voto antecipado dava até ontem indicações igualmente contraditórias, mas atestava uma vez mais o peso de Barack Obama como cabo eleitoral. A passagem do presidente pelos dois maiores eleitorados do estado (Jacksonville e Miami), na véspera, se traduziu em um crescimento sensível do comparecimento aos postos de votação. Como resultado, a Flórida começou a sexta-feira contabilizando 4,9 milhões de sufrágios registrados e com a expectativa de fechar o dia com 5,2 milhões.