postado em 06/11/2016 18:00
O governo boliviano acusou neste domingo o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, de "agredir e pisotear" a soberania do país, por enviar um observador à audiência judicial do líder opositor Samuel Doria Medina, por um caso de manipulação de fundos nos anos 1990.
Doria Medina, rico empresário e rival do presidente Evo Morales nas últimas três eleições, enfrentou na quinta-feira passada uma audiência judicial pela transferência de recursos da cooperação internacional, cerca de 21 milhões de dólares, para uma fundação privada chamada Funda-Pro.
[SAIBAMAIS]
A Procuradoria pediu a detenção de Doria Medina, ministro do Planejamento em 1992, por considerar irregular este processo. Nesta audiência, que foi suspensa para cumprir outros trâmites processuais, esteve presente como observador da OEA, Enrique Reina, pois o opositor havia denunciado dias antes a Almagro, na sede do organismo, que o julgamento contra ele é político.
"O que fizeram estes senhores (Almagro e Reina) é agredir, pisotear nossa soberania, e eles deverão se submeter às normas internacionais para estes casos", afirmou o influente ministro de Governo (Interior), Carlos Romero, entrevistado por uma rede de meios oficialistas.
Depois acrescentou: "vir interferir no funcionamento do organismo jurisdicional é uma violação à soberania e uma interferência em assuntos internos de um país, é uma ação inaceitável", pois "de maneira abusiva e prepotente um delegado do senhor Almagro se apresenta presunçoso na audiência judicial".
Reclamação formal diante da OEA
Romero indicou que a chancelaria boliviana apresentará uma reclamação formal diante da OEA, por este "ato de interferência". Morales já havia disparado no início da semana contra Almagro, porque recebeu em audiência em Washington Doria Medina, que denunciou a violação de seus direitos, com o argumento de que é julgado por razões ideológicas.
O presidente também foi várias vezes duro com Almagro, por sua forma de participação no conflito político venezuelano, pois - segundo Morales - o chefe da OEA atua alinhado às pressões dos EUA para tirar do poder o presidente Nicolás Maduro, aliado político de La Paz.
Por France Presse